O Cosmos é música
O mês de novembro é marcado por datas que nos fazem recordar a genialidade de dois dos mais famosos compositores de nosso país: o carioca Heitor Villa-Lobos (1887-1959) — falecido em 17 de novembro de 1959, a cuja memória prestei tributo, na edição 220 da revista BOA VONTADE (de dezembro de 2007) — e Claudio Santoro (1919-1989), ilustre manauara, nascido em 23 de novembro de 1919, autor de Sinfonia da Paz, gravada, sob sua regência, pela Orquestra Estadual e Coro Stepanov de Moscou, na Rússia. Essa aplaudida obra abre a minha pregação do Evangelho de Jesus na Super Rede Boa Vontade de Comunicação (TV, rádio, internet e publicações)
A boa música é um elo inquebrantável que une a criatura ao Criador. Villa-Lobos e Santoro são, portanto, sacerdotes que nos inspiram a conversar com Deus.
O pulsar da Vida, o Bem, a Solidariedade, a Generosidade, o Respeito e a Caridade são melodias sublimes, sons, ritmos que afinam nossos pensamentos, palavras e ações pelo diapasão da Justiça e do Amor Divinos.
Como admirador dos gênios da cultura planetária e reconhecendo que a música tem um papel transcendente na elevação do Espírito Eterno do ser humano, sempre que posso me utilizo do tesouro melódico para estabelecer analogia entre ele e os Augúrios Divinos, de modo que seja facilitado o entendimento do povo a respeito do código aparentemente indecifrável do Apocalipse de Jesus. O escritor e crítico literário José Geraldo Nogueira Moutinho (1933-1991), em Musicália, esclarece que “a música absorve o caos e o ordena”.
Em Apocalipse sem Medo (2000), no capítulo “Apocalipse e Universalismo”, comento que Arturo Toscanini (1867-1957) ensinava, mutatis mutandis, que ouvir música não é escutar notas. De fato, porquanto se deliciar com a grande arte de Verdi, Tchaikovisky, Wagner, Borodin, Schumann, Debussy, Ravel, Villa-Lobos, Grieg, Claudio Santoro, Sibelius, Irving Berlin, Gershwin, Grofé, Chiquinha Gonzaga, Noel Rosa, Cartola, Caymmi, Tom, Vinicius, Gal, Betânia, João Gilberto, Caetano, Gilberto Gil, Nana Caymmi, Elis, Chico Buarque, Toquinho, Jair Rodrigues, Guerra Peixe, Carlos Gomes, Radamés Gnatalli, Lyrio Panicali, padre José Maurício, Francisco Braga, Lorenzo Fernandez, Augusto e Alberto Nepomuceno, Guerra Vicente, Barbra Streisand, Louis Armstrong, Carmen Miranda, Elba Ramalho, Elza Soares, Alcione, Beth Carvalho, Leci Brandão, Sandra de Sá, Simone, Ângela Maria e tantos mais é integrar-se no sentimento da mensagem melódica que o compositor quis transmitir ao ouvinte.
Assim é com o Apocalipse do Cristo, seu recado não está na “letra que mata” (Segunda Epístola de Paulo aos Coríntios, 3:6), mas no espírito de salvação, que, por meio do Amor de Quem fraternalmente adverte, desce do Criador à criatura.
Para que existe a Mensagem Divina
O que procuro destacar, na pregação ecumênica do Evangelho-Apocalipse, é a parcela de Deus que habita todo ser humano, seja ele religioso ou ateu; amarelo, branco, negro ou mestiço; civil ou militar; analfabeto ou letrado; da direita, esquerda ou centro ideológicos, ou mesmo apartidário.
Se o homem não for ao encontro da Solidariedade, na vivência particular ou coletiva, onde iremos parar?
O Cosmos é música, que, na definição de Paul Claudel (1868-1955), “é a alma da geometria”. Logo, temos de achar os sons que, com abrangência universal, nos confraternizem. Para isso, existe a Mensagem de Deus, a qual frontalmente se contrapõe à intolerância indesculpável.
Trombetas e compositores
Ainda na citada obra, no capítulo “Trombetas e compositores”, afirmo que até hoje há quem exclame: “O Apocalipse é o desamor de Deus para com a humanidade!” Estarão certos? Veremos que não.
Vamos por partes. O que diz a sabedoria antiga? “O pensamento é o alfaiate do destino”.
Com os nossos ideais e atos, acabamos por desvendar a nossa intimidade. Jesus, o Cristo Ecumênico, o Divino Estadista, declara isto no Evangelho, segundo Lucas, 6:45: “O homem bom do bom tesouro do coração tira o bem, e o mau do mau tesouro tira o mal; porque fala a boca do que está cheio o coração”.
Diante disso, os Anjos das Sete Trombetas — que, na atualidade, em análise simples, significam fatos políticos e fatos político-guerreiros — quando as tocam, não o fazem aleatoriamente. Estão externando o que os Sete Selos (Apocalipse, capítulos 6 e 8) revelam acerca do nosso sentimento, expresso na partitura musical que, com as nossas atitudes, compusemos.
Nós é que produzimos a trágica ou bela melodia que os Anjos executarão. O Apocalipse é, portanto, traçado por nós, quando respeitamos ou infringimos as normas do Criador.
Em A Divina Comédia — Paraíso, Canto XXII —, Dante Alighieri (1265-1321) poeticamente ilustra a Justiça de Deus: “Nunca se apressa a espada celestial,/ nem se atrasa, a não ser pela opinião / de quem a invoca ou teme, por sinal”.
Por sua vez, Alziro Zarur (1914-1979) sentencia: “A Lei Divina, julgando o passado de homens, povos e nações, determina-lhes o futuro”.
Direitos, deveres e Apocalipse
Se pensarmos apenas em direitos e esquecermos os deveres, amanhã seremos cobrados pelos deveres e esquecidos pelos direitos.
Não queiramos que o Pai Celestial seja forçado a nos tratar como crianças quando fazemos questão de ser adultos. Cabe, aqui, feito uma luva, este pensamento do escritor francês e Nobel de Literatura Roger Martin Du Gard (1881-1958): “Não há ordem verdadeira sem a Justiça”.
E Rui Barbosa (1849-1923) — jurista, político, diplomata e orador brasileiro notável —, em sua “Oração aos moços”, observou: “De quanto no mundo tenho visto, o resumo se abrange nestas cinco palavras: não há justiça sem Deus”.
Se, conforme afirmamos anteriormente, as Trombetas do Apocalipse de Jesus expressam a melodia composta por nossas ações, é evidente que, no tocante aos dignificadores atos que realizamos, serão apresentadas composições musicais maravilhosas. Elas se destinarão àqueles que fizeram por merecer um mundo melhor prometido nas Escrituras Sagradas. A renovação de tudo virá logo adiante, no breve Tempo Divino (Livro da Revelação, capítulo 21).
É importante ressaltar: sempre viveremos, porque a Eternidade é real, e a Lei das Vidas Sucessivas, Ordenação Divina. Zarur conceituava: “A Reencarnação é a Chave da Profecia”.
É preciso, pois, afinar os corações dos povos no diapasão de Deus, que é Amor (Primeira Epístola de João, 4:8).
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