O discurso de Roosevelt e o Apocalipse

Fonte: Jornal A Tribuna Regional, de Santo Ângelo/RS, edição de 1º e 2 de março de 2008, sábado e domingo. Atualizado em abril de 2020
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Franklin Delano Roosevelt

O medo é o mais letal dos sentimentos. Paralisa o ser humano. E aqui não me refiro a casos patológicos, que precisam de cuidado médico e do imprescindível apoio espiritual.

Pavor não pode ser confundido com prudência. Alziro Zarur ensinava que

o medo é o ímã do azar.

Em Apocalipse sem Medo (2000), reproduzi trecho do discurso de posse, como presidente dos Estados Unidos da América, de Franklin Delano Roosevelt (1882-1945), em 4 de março de 1933, que tem muito a ver com o que preconizamos:

O direito de não ter medo

“Deixem-me garantir-lhes minha firme crença de que a única coisa de que devemos ter medo é do próprio medo — terror sem nome, sem razão, injustificado, que paralisa todos os esforços necessários para transformar recuo em avanço”.

(O destaque é meu.)

Neste momento crucial da História, busquemos segurança no Pai Celestial e estendamos as mãos àqueles que trabalham, realmente, “por um Brasil melhor e por uma humanidade mais feliz”antigo slogan da Legião da Boa Vontade. Procuremos, como aconselha Roosevelt, “transformar recuo em avanço”, isto é, receio em conhecimento, portanto, em luz, mas sob a claridade da qual possamos, vencendo milenares temores, construir o mundo novo prometido por Deus. A verdadeira renovação nasce Nele, que nos assegura neste verso de Divina Esperança:

— Eis que faço novas todas as coisas (Apocalipse do Cristo, 21:5).

Leiamos também os versículos 3 e 4:

O Novo Céu e a Nova Terra

Tela: Sátyro Marques (1935-2019)

Título da obra: A bênção.

“3 Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis aqui o Tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão Seu povo, e o próprio Deus, no meio deles, será o seu Deus.

“4 E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, não haverá mais morte, não haverá mais luto, não haverá mais pranto, nem gritos, nem dor, porque as primeiras coisas passaram”.

Medo versus sobrevivência

Temos livre-arbítrio... Deus o respeita. Entretanto, se a sementeira é livre, a colheita é inevitável. Quando explico, em meus improvisos, que não nos convém cultivar temores do Apocalipse (o Último Livro da Bíblia Sagrada), é porque se trata de um providencial alertamento sobre a conclusão do plantio que praticamos. Nunca disse que aqueles recados ali escritos com letras de fogo são histórias da carochinha. Estou, sim, convocando-lhes a atenção para o fato de que o medo não é bom professor para nos ensinar a vencer coisa alguma. Onde se instala, a Liberdade não frutifica; onde existe o ódio, reina a fraqueza. Se há o que recear, não é o Apocalipse. Ele é nossa fortaleza. As más posturas humanas é que podem causar pavor. Contudo, até mesmo isso precisamos superar pela força das providências devidas, tomadas a partir de nossa integração na Sabedoria Divina. Caso contrário, atos de irresponsabilidade planetária são capazes de nos levar a um arrasamento sem precedentes da civilização como a conhecemos. A ameaça de um confronto total não diminuiu. Nem com o fim da guerra fria ou mesmo com os acordos internacionais. Dezenas de artefatos atômicos estão desaparecidos. Permanece o perigo do contrabando de material bélico, do bioterrorismo e também do lixo radioativo. Fatos gravíssimos.

Wouter Naert - Unsplash

Bendita obstinação

Todavia, teimosamente continuemos a crer no bom senso final das criaturas. Até aqui a sociedade tem conseguido sobreviver. Bendita obstinação, que se mostra superior às doidices de muitos dos que ainda possuem poder neste mundo. Aliás, como exclamam os irmãos muçulmanos: “Deus é maior!” Portanto, viver é melhor!

José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É presidente da Legião da Boa Vontade (LBV). Membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter), é filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central. É autor de referência internacional na defesa dos direitos humanos e na conceituação da causa da Cidadania e da Espiritualidade Ecumênicas, que, segundo ele, constituem “o berço dos mais generosos valores que nascem da Alma, a morada das emoções e do raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange tudo o que transcende ao campo comum da matéria e provém da sensibilidade humana sublimada, a exemplo da Verdade, da Justiça, da Misericórdia, da Ética, da Honestidade, da Generosidade, do Amor Fraterno. Em suma, a constante matemática que harmoniza a equação da existência espiritual, moral, mental e humana. Ora, sem esse saber de que existimos em dois planos, portanto não unicamente no físico, fica difícil alcançarmos a Sociedade realmente Solidária Altruística Ecumênica, porque continuaremos a ignorar que o conhecimento da Espiritualidade Superior eleva o caráter das criaturas e, por conseguinte, o direciona à construção da Cidadania Planetária”.