Multiplicação de pães e peixes e combate ao desperdício

Fonte: Reflexão de Boa Vontade extraída do livro "Tesouros da Alma", de novembro de 2017. | Atualizada em abril de 2021.

Em meu livro O Capital de Deus, comento uma passagem evangélica que nos traz instrutiva lição. Conhecedor dos Soberanos Estatutos da Economia de Deus, ainda ignorados pela maioria dos seres humanos, Jesus, o Cristo Ecumênico, o Divino Estadista, pôde realizar o milagre da multiplicação de peixes e pães, conforme o relato de Mateus, 14:13 a 21.

A primeira multiplicação de pães e peixes

Tela: Giovanni Lanfranco (1582-1647)

Detalhe da obra: Milagre do pão e dos peixes.

“13 Jesus, ouvindo que João Batista fora decapitado por ordem de Herodes, retirou-se dali num barco, para um lugar deserto, à parte. Sabendo disso, as massas populares vieram das cidades, seguindo-O por terra.

“14 Desembarcando, Ele viu uma grande multidão. Compadeceu-se dela e curou os seus enfermos.

“15 Ao cair da tarde, aproximando-se Dele, os Discípulos Lhe disseram: Senhor, o lugar é deserto, e vai adiantada a hora. Despede, pois, o povo para que, indo pelas aldeias, compre para si o que comer.

“16 Jesus, porém, lhes disse: Não precisam retirar-se; dai-lhes, vós mesmos, o alimento.

“17 Ao que Lhe responderam: Senhor, não temos aqui senão cinco pães e dois peixinhos!

“18 Então, o Mestre ordenou-lhes: Trazei-os a mim.

“19 E, tendo mandado que todos se assentassem sobre a relva, tomando os cinco pães e os dois peixinhos, erguendo os olhos ao céu, os abençoou. Depois, havendo partido os pães, deu-os aos Discípulos, e estes, às multidões.

“20 Todos comeram e se fartaram; e dos pedaços que sobraram recolheram ainda doze cestos repletos.

“21 E os que comeram foram cerca de cinco mil homens, além de mulheres e crianças.”

Aliado a isso, não nos esqueçamos do que o Economista Divino nos ensinou a respeito da capacidade pessoal de cada ser humano, ao dizer: “Vós sois deuses. Eu voltarei ao Pai, vós ficareis aqui na Terra; (...) portanto, podereis fazer muito mais do que Eu” (Evangelho, segundo João, 10:34 e 14:12).

Alguém, talvez por ócio, analisando o trecho anterior, poderia argumentar que Jesus é um caso único e que, por isso, não há parâmetros para equivaler a nossa competência à Dele, celestemente superior. Uma maneira de combater esse raciocínio seria considerar que, mesmo não estando ainda no altíssimo patamar espiritual do Mestre dos mestres, somos capazes de gestos simples que fazem imensa diferença.

O poder de multiplicar os pães e os peixes também está em nós, a começar pelo consumo consciente. Vamos nos empenhar, então, por corrigir o desperdício. Quanto alimento descartamos por negligência! O que é desprezado pelas populações abastadas do mundo daria para acabar com a fome dos que padecem verdadeiros tormentos. É apenas um passo. Sim, mas um passo considerável. E só pela soma das aparentemente pequenas ações alcançaremos os maiores êxitos.

Arquivo BV

Confúcio

Como observou Confúcio (551-479 a.C.): “Transportai um punhado de terra todos os dias e fareis uma montanha”.

Faço aqui um destaque ao que revela o Evangelista Mateus, no versículo 20 do capítulo 14: “Todos comeram e se fartaram; e dos pedaços que sobraram recolheram ainda doze cestos repletos”.

Quer dizer, por determinação de Jesus, não jogaram fora o que lhes sobejou. As apreciáveis porções recolhidas pelos Discípulos haveriam de, em nova oportunidade, beneficiar aquela gente ou outra. Reitero sempre que a migalha de hoje é a farta refeição de amanhã. Reflitamos sobre isso.

 

José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É presidente da Legião da Boa Vontade (LBV). Membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter), é filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central. É autor de referência internacional na defesa dos direitos humanos e na conceituação da causa da Cidadania e da Espiritualidade Ecumênicas, que, segundo ele, constituem “o berço dos mais generosos valores que nascem da Alma, a morada das emoções e do raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange tudo o que transcende ao campo comum da matéria e provém da sensibilidade humana sublimada, a exemplo da Verdade, da Justiça, da Misericórdia, da Ética, da Honestidade, da Generosidade, do Amor Fraterno. Em suma, a constante matemática que harmoniza a equação da existência espiritual, moral, mental e humana. Ora, sem esse saber de que existimos em dois planos, portanto não unicamente no físico, fica difícil alcançarmos a Sociedade realmente Solidária Altruística Ecumênica, porque continuaremos a ignorar que o conhecimento da Espiritualidade Superior eleva o caráter das criaturas e, por conseguinte, o direciona à construção da Cidadania Planetária”.