Talheres e Espírito

Fonte: Jornal A Tribuna Regional, de Santo Ângelo/RS, edição de 2 e 3 de abril de 2011, sábado e domingo. | Atualizado em setembro de 2021.

“Boa Vontade para mudar os hábitos.” Este foi o tema do 8o Fórum Internacional dos Soldadinhos de Deus, da LBV, no sábado, 26/3/2011.

Na Legião da Boa Vontade costumamos carinhosamente chamar as crianças de Soldadinhos de Deus. Por quê?! Queremos este mundo semeado por um gigantesco exército de corações bem formados pelo Amor Fraterno e Ecumênico, pela Generosidade, pela Solidariedade...

No coroamento das atividades do 8º Fórum Internacional dos Soldadinhos de Deus, da LBV, Paiva Netto convoca as crianças de todas as idades à vivência da Cidadania Plena.

Reproduzo-lhes trechos de meu improviso, ao dirigir-me a eles, no encerramento do Fórum:

Que prazer estar hoje com vocês! Quero destacar um fato de que a maioria já tem conhecimento: são as próprias crianças que comandam este evento. É claro que com o apoio e a experiência dos mais velhos, mas são elas que escolhem os temas e tantas atividades mais que firmam a riqueza de um fórum nascido e desenvolvido por si mesmas.

Cidadãos Celestes
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Mudar os hábitos. Como? O que é fundamental? Muita gente deixa de comer com as mãos e passa a usar talheres. Mudaram os hábitos dessas pessoas. Mas será uma reforma suficiente? Que somos nós? Espírito, acima de tudo Espírito, transitoriamente corpo! Então, é a partir daí que temos de raciocinar. Por isso a minha preocupação em falar-lhes tanto da cidadania do Espírito. No meu livro É Urgente Reeducar! (2000), abordo esse assunto. Porque, se não soubermos a nossa origem, todos os nossos atos poderão ser equivocados. E vão desabar em cima de erro sobre erros.

Tela: Jacques L. David (1748-1825)

Napoleão Bonaparte

Que tal espiritualmente avaliarmos as situações para iniciar novos passos com acerto? Com esse conhecimento podemos realizar mudanças como nunca ocorreram antes. Se somos, em primeiro lugar, Espírito, dirigidos achamo-nos consequentemente por leis que estão acima das mais expressivas construções jurídicas do planeta Terra. Por quê?! O Código Hamurabi, o Direito Romano, a reforma do Código Civil, feita por Napoleão Bonaparte (1769-1821), são de suprema valia. Mas limitam-se ao saber terreno. E nós, antes de cidadãos dos países, somos Cidadãos Celestes. Temos que partir do Espírito, que é eterno. Portanto, averiguar de que modo ele funciona.

Riquezas incomensuráveis

A Ciência, ou melhor, alguns cientistas vivem distanciados desse conceito por negarem a existência da Vida além da vida e antes da vida material. E, com esse ato dogmático, o que fazem? Fecham a porta para si mesmos de campos amplíssimos. Não acessam riquezas incomensuráveis abertas para a nossa Alma, que estão lá aguardando que sejamos realmente homens e mulheres libertos, capazes de enfrentar o estabelecido como infalível. Nada pode ser considerado imutável quando a Ciência é a descoberta diária de conhecimentos novos e mundos desconhecidos.

Quantas coisas hoje anunciadas como verdades inamovíveis daqui a meia hora deixarão de o ser? Quem disse que vocês, crianças, não entendem isso? Estou falando para os seus Espíritos, às vezes mais velhos do que os de adultos, gente também de valor inestimável. Por isso interesso-me em falar com a Alma de vocês. Então, se somos, acima de tudo, Seres Eternos, temos de partir do princípio de que o governo da Terra começa no Céu.

Voltarei ao assunto.

José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É presidente da Legião da Boa Vontade (LBV). Membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter), é filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central. É autor de referência internacional na defesa dos direitos humanos e na conceituação da causa da Cidadania e da Espiritualidade Ecumênicas, que, segundo ele, constituem “o berço dos mais generosos valores que nascem da Alma, a morada das emoções e do raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange tudo o que transcende ao campo comum da matéria e provém da sensibilidade humana sublimada, a exemplo da Verdade, da Justiça, da Misericórdia, da Ética, da Honestidade, da Generosidade, do Amor Fraterno. Em suma, a constante matemática que harmoniza a equação da existência espiritual, moral, mental e humana. Ora, sem esse saber de que existimos em dois planos, portanto não unicamente no físico, fica difícil alcançarmos a Sociedade realmente Solidária Altruística Ecumênica, porque continuaremos a ignorar que o conhecimento da Espiritualidade Superior eleva o caráter das criaturas e, por conseguinte, o direciona à construção da Cidadania Planetária”.