A Missão dos Setenta e o “lobo invisível” - Parte III

A lição é, pois, a de permanecermos vigilantes e ativos, em sintonia constante com nossos dedicados Anjos Guardiães, em oposição ao pensamento desgovernado, para não sermos vítimas dele.

Meus Amigas e meus Irmãos, minhas Irmãs e meus Amigos, ao publicar mais alguns trechos de palestra que proferi na Super Rede Boa Vontade de Rádio (Super RBV), em 31 de dezembro de 2004, acrescida de novas considerações, cumpro a promessa de exemplificar - sob a ótica ecumênica da Religião de Deus, Religião do Amor Universal, a Religião do Terceiro Milênio -, a maneira pela qual podemos nos proteger da funesta ação do pensamento desgovernado – que solertemente atua, o mais das vezes, como se fora um “lobo” invisível – e discorro sobre estratégias para melhor nos proteger de seus danosos efeitos.

Ainda na análise que venho realizando*1 do Evangelho de Jesus, segundo Lucas, capítulo 10, versículos 1 a 24 – em Espírito e Verdade, à luz do Mandamento Novo do Cristo Ecumênico, o Divino Estadista, “Amai-vos como Eu vos amei. Somente assim podereis ser reconhecidos meus discípulos” (Evangelho, segundo João, 13:34 e 35) –, ilustro meus comentários com outra importante passagem da Boa Nova, descrita nas anotações de Marcos, 5:1 a 14: “A cura do endemoninhado gadareno”.

“Lobo invisível” combate-se com oração fervorosa

O “lobo” caracterizado por um espírito obsessor geralmente é muito mais atuante do que os “lobos” reencarnados e, além disso, com a vantagem, para ele, de ser invisível. Como costuma agir? De várias formas. Eis uma bem comum: começam a brotar ideias estranhas na cabeça do indivíduo. A pessoa imagina, então, que está conversando sozinha. Que nada! Uma caterva de almas trevosas, à sua volta, põe-se a “soprar”, nos seus ouvidos, apelos a que não deve atender, por serem maus. Para a defesa contra tal qualidade de seres ainda inferiores, só existe uma solução. Quem o revela é Jesus, no Seu Evangelho, segundo Mateus, 17:21:

“— Para esse tipo de espírito só muita oração e vigilância”.

Vale destacar que podemos também traduzir vigilância como Boas Obras, porquanto, como definiam os antigos:

“— Cérebro desocupado é oficina do diabo”.

Ora, de ações generosas carecem as sociedades, para que eticamente  progridam nos diversos ramos espiritual-humanos: na Política, na Religião, na Sociologia, na Educação, na Ciência, na Filosofia, no lar, na vida pública; enfim, em toda a parte. Essa é a resposta, a partir do pensamento – não mais sem rumo —, contra a omissão, a corrupção, a impunidade... Aliás, são muitos nomes e disfarces. De quem?! Do “lobo invisível!”

Há muito assevero: quando o território não é defendido pelos bons, os maus fazem “justa” a vitória da injustiça.

Que impeçamos tal despautério, visto que a grande lição é a de permanecermos vigilantes e ativos, em sintonia constante com os nossos dedicados Anjos Guardiães, em oposição ao pensamento desgovernado, para não sermos vítimas dele. Afinal de contas, somos aquilo que pensamos, falamos e realizamos.

Aconselho-os, por isso, a lerem e analisarem continuamente as Sete Campanhas da Religião de Deus, lançadas por Alziro Zarur (1914-1979):

1 — Bom Pensamento
2 — Boa Palavra
3 — Boa Ação

4 — Boa Notícia
5 — Boa Diversão
6 — Boa Vizinhança
7 — Boa Vontade Mundial

A lógica do Espírito

Uma visão equivocada que vai contra uma lógica simples é a perspectiva de que os espíritos de pouca evolução têm maior influência sobre as criaturas humanas do que os que estão a serviço da Espiritualidade Superior, porquanto muito mais poderosos e numerosos são os Espíritos da Luz do que os de condição inferior. 

Reprodução BV

Allan Kardec

Allan Kardec (1804-1869) convida-nos a este importante raciocínio:

“— Como acreditar que Deus só ao espírito do mal permita que se manifeste, para perder-nos, sem nos dar por contrapeso os conselhos dos bons Espíritos?

(O destaque é meu.)

É como se costuma fazer com o Apocalipse, que ensina a libertação moral e espiritual dos povos. Deturpam tanto a sua Divina Mensagem que o estigmatizam como sinônimo de catástrofe. Contudo, a Revelação profética que fecha a Bíblia Sagrada anuncia a mais extraordinária das notícias: a Volta Triunfal do Cristo de Deus. Razão pela qual Zarur o denominava de “o mais importante livro da Bíblia Sagrada na atualidade mundial”.

Ainda o “lobo invisível

Reprodução BV

André Luiz (Espírito) e Chico Xavier

Recorro, à guisa de estudo a respeito das tramas do “lobo invisível”, a um trecho da obra Missionários da Luz, no qual o Espírito André Luiz, pela psicografia do saudoso Francisco Cândido Xavier (1910-2002), registra seriíssimo esclarecimento do Instrutor Espiritual Alexandre, acerca do fenômeno da obsessão e de como nos precatar e nos livrar dela:

“(...) Se a vítima capitula sem condições, ante o adversário [o obsessor intangível, o “lobo invisível”], entrega-se-lhe totalmente e torna-se possessa, após transformar-se em autômato à mercê do perseguidor. Se possui vontade frágil e indecisa, habitua-se com a persistente atuação dos verdugos e vicia-se no círculo de irregularidades de muito difícil corrigenda, porquanto se converte, aos poucos, em polos de vigorosa atração mental aos próprios algozes. Em tais casos, nossas atividades de assistência espiritual estão quase circunscritas a meros trabalhos de socorro, objetivando resultados longínquos. Quando encontramos, porém, o enfermo interessado na própria cura, valendo-se de nossos recursos para aplicá-los à edificação interna, então podemos prever triunfos imediatos”. 

(O destaque é meu.)

O indispensável auxílio de Deus, do Cristo e do Espírito Santo

A ação dos “lobos invisíveis” (almas atrasadas) na mente dos que não se sabem defender – ou até de maneira leviana, não o querem fazer –  passa, assim; ao campo das mais terríveis obsessões e posteriores possessões, ferozmente aprisionando os invigilantes.

O Evangelho de Jesus, segundo Marcos, 5:1 a 14, mostra-nos o Poder Absoluto do Cristo perante uma multidão de espíritos do mal (“lobos invisíveis”) que endemoninhavam um infeliz gadareno. Observamos, ali, o triste quadro a que chega um ser humano quando atinge o grau de possessão. O pensamento desgovernado é a porta encontrada aberta por essa categoria de influência maligna.

A cura do endemoninhado gadareno

“1 Entrementes, chegaram [Jesus e Seus discípulos] à outra margem do mar, à terra dos gadarenos.

“2 Ao desembarcar, logo veio dos sepulcros, ao Seu encontro, um homem possesso de espírito imundo,

“3 o qual vivia nos túmulos, e nem mesmo com cadeias alguém podia prendê-lo;

“4 porque, tendo sido muitas vezes preso com grilhões e cadeias, elas foram quebradas por ele, e os grilhões, despedaçados. E ninguém podia subjugá-lo.

“5 Andava sempre, de noite e de dia, clamando por entre as sepulturas e pelos montes, ferindo-se com pedras.

“6 Quando, porém, de longe, viu Jesus, correu e O adorou,

“7 exclamando em alta voz: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Conjuro-Te por Deus que não me atormentes!

“8 Porque Jesus lhe dissera: espírito imundo, sai desse homem!

“9 E lhe perguntou: Qual é o teu nome? Respondeu ele: Multidão é o meu nome, porque somos muitos.

“10 E rogou encarecidamente ao Cristo que os não mandasse para fora daquela região.

“11 Ora, pastava ali pelo monte uma grande manada de porcos.

“12 E os espíritos imundos rogaram a Jesus, dizendo: Manda-nos, Senhor, para os porcos, para que entremos neles.

“13 E Jesus o permitiu. Então, saindo os espíritos da treva, entraram nos porcos; e a manada, que era cerca de dois mil, precipitou-se despenhadeiro abaixo, para dentro do mar, onde se afogaram.

“14 Os donos dos porcos fugiram e anunciaram o ocorrido na cidade e pelos campos.”

Tela: James Tissot (1836-1902)

Detalhe de obra: Os porcos preciptados ao mar.

Proteção contra os espíritos do mal

Confiemos em Jesus, sigamos com afinco Suas palavras e Seus exemplos e viveremos protegidos; portanto, libertos da ação de espíritos de tão baixa categoria.

Disse Jesus: vigiai e orai

Como nos livramos desses perigos? O Cristo de Deus manda que oremos e vigiemos para não cair em tentação:

Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o Espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca” (Evangelho, segundo Mateus, 26:41).

Pináculo

Em Lições Bíblicas, que são apresentadas na Super Rede Boa Vontade de Rádio, o saudoso Irmão Zarur também nos ensina a ter a proteção de Deus, do Cristo e do Espírito Santo contra esse tipo de entidades malfazejas, que habitam até mesmo gabinetes de governo por todo o mundo. Podemos imaginar a razão por que o planeta ainda hoje vive em grave e constante perigo.

Diz Zarur:

 “Em São Mateus nós vemos esta palavra [Pináculo]. Lembram-se, Evangelho, segundo Mateus, 4:1 a 11, quando Jesus sofre a tentação no deserto?

“O que significa mesmo esta palavra Pináculo? Exatamente, parte elevada do Templo (v:5) onde Jesus foi desafiado por satanás. Em seguida, ele conduz o Cristo ao topo de uma montanha para contemplar a magnificência do mundo. Satanás Lhe disse: ‘Eu te darei tudo isto se prostrado me adorares’. Ora, tudo aquilo era de Jesus, que conto do vigário é esse? Então, satanás ia dar a Jesus o que já era de Jesus?! Onde se vê que satanás não é o que se diz por aí. Satanás é a condição humana, porque o corpo é adversário do Espírito. Quando o Espírito entra na matéria fica sujeito às tentações do mundo. Não é nenhum diabo com chifres, rabo comprido, tridente. Nada disso. É o Espírito encarcerado no corpo, e o corpo é que é satanás, é a matéria. E se não houver muita Luz, o Espírito fracassa e a matéria vence. Basta ver isso: vocês acham que satanás podia prometer a Jesus o que já era Dele? ‘Tudo isso eu te darei se prostrado me adorares’. Pois, se tudo já era Dele... Jesus formou o mundo (Evangelho, segundo João, 1:1 a 3)*2, como é que satanás poderia prometer-Lhe alguma coisa? A lição é a seguinte: quando o Espírito entra na matéria, passa por uma prova muito séria (...). Porque a matéria é que é satanás.

E dificilmente pode ser derrotado. Só com a PROTEÇÃO DIVINA. Daí a recomendação do Cristo, repetidas vezes: Orai, vigiai, para vencerdes as tentações do mundo e da vossa matéria!’ Louvado seja Deus!”

“Governo” invisível inferior

Eis – já o sabemos pelo estudo do Apocalipse de Jesus para os Simples de Coração*3 – que o Governo da Terra começa no Céu. Por esse raciocínio, posso, de forma serena, afirmar que o mesmo ocorre com o “governo” invisível inferior – sediado no Umbral*4, região sombria que cerca o planeta –, que visa subjugar, sob sua tirania, povos e lideranças mundo afora, incitando-as a toda espécie de litígio, sem que elas percebam que são escravas de inteligências manipuladoras (“lobo invisível”) de seu destino. A sensação de poder no orbe terráqueo é, por isso, pura ilusão. Os que pensam que têm absoluto domínio são apenas, na grande maioria, marionetes nas mãos de obsessores ocultos a seus olhos materiais, muito mais argutos que eles. Contudo, lembrem-se de que o Poder Divino é infinitamente maior. E, quando integrados no Seu Amor e Justiça, revestimo-nos da armadura de Deus (Epístola de Paulo Apóstolo aos Efésios, 6:10 a 20).

Enganados pela soberba

Em meu livro As Profecias sem Mistério (1998), no capítulo “Apocalipse e ‘Fim do Mundo’”, escrevi que ninguém realmente tem poder na Terra, mas, sim, instantes de poder, dos quais prestará, um dia, nesta ou na Outra Vida, severas contas a um Tribunal incorruptível. Pobres dos transitórios  poderosos deste mundo, quando fazem mau uso de sua força, acreditando que nada jamais os atingirá. São uns enganados por sua própria soberba. Os “lobos invisíveis” valem-se deles como bonecos, os quais lançarão fora na primeira oportunidade, nesta ou em outra dimensão.

Só ambiciona o poder, sem intenções superiores, e, sim, com interesses escusos, quem desconhece a sua origem espiritual  e as consequências de sua ganância desbragada; portanto, perigosa para si próprio ou para si própria. Zarur costumava dizer que, entre as muitas provações do Espírito reencarnado, três são consideradas as mais desafiadoras: a beleza, o dinheiro e o poder. Ao insubordinável Tribunal Celeste, todos prestaremos contas.

O exemplo do espelho

Dr. Bezerra de Menezes   

Em sua conceituada obra A Loucura sob Novo Prisma, o renomado médico, orador e político brasileiro, Dr. Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti (1831-1900), relata um fato curioso. Durante a produção do livro, recebeu uma carta, na qual se podia ler mensagem creditada ao Espírito Dr. Samuel Hahnemann (1755-1843)*5, que fazia uma análise sobre a diferença da insanidade provocada por uma lesão no cérebro da que surge sem que a massa craniana seja atingida. Eis um fragmento dessa missiva que ilustra bem o que é a obsessão:

“Colocai diante de vós um espelho que tenha defeito nalguns pontos, de tal modo que não reflita a imagem completa dos objetos que se lhe apresentam.

“É o caso da loucura por lesão do cérebro.

“Colocai, porém, entre vós e um espelho em perfeito estado, um corpo que possa embaraçar a transmissão da luz que de vós parte para o espelho, e infiel será a reprodução de vossa imagem.

“É o caso da loucura por obsessão.

“No primeiro caso, o mal vem do espelho que está estragado; no segundo, vem da interposição de um corpo estranho, entre o aparelho refletor e o corpo que se lhe apresenta.

“Esta figura, toscamente esboçada, basta para assinalar a diferença que existe entre os dois estados em que pode achar-se o Espírito encarnado, com relação às manifestações de seus pensamentos”.

Além de publicar em sua obra a íntegra da mensagem, o nobre Doutor Bezerra teceu alguns comentários sobre o conteúdo dela, dos quais separei este trecho:

“A comparação do espelho é perfeita e ensina claramente como se dão as perturbações nos casos de lesão cerebral e nos de integridade do cérebro.

“Temos, pois, em resumo, que tudo concorre para tornar evidente a dualidade causal da loucura”.

A Glória do Trabalhador

Ano-novo! Ano-bom? Depende de nós. Tenho certeza de que, com vocês adotando por alicerce o Sublime Aprendizado vindo de Jesus, o Ecumênico Divino, faremos desse ano*6 — que se inicia repleto de esperanças — e dos que o sucederão os mais prósperos tempos que as Instituições da Boa Vontade de Deus (IBVs)*7 já viveram.

O Espírito Doutor Bezerra de Menezes, grande ativista da Revolução Mundial dos Espíritos de Luz, durante as reuniões do Centro Espiritual Universalista, o CEU da Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo*8, explanando a respeito do que tem sido a existência heroica das IBVs, costuma lembrar que, se enfrentamos constantemente “lutas extraordinárias”, somos premiados pelo Pai Celestial, de acordo com o nosso merecimento, com “vitórias majestosas”. No entanto, esse galardão é para quem – tendo compromisso com o Cristo Ecumênico, o Excelso Estadista, pois assinou um contrato no Mundo Espiritual com o Divino Mestre – o cumpre com honra até o fim (e além do fim). Apenas desse modo merecerá o Seu beneplácito, ou seja, poder descansar no Seu seio, ainda que por curto período, porquanto a glória do trabalhador é praticar, de forma eficaz, o seu serviço, agora e sempre.

Incentivo à perseverança

Durante palestra que realizei no dia 15 de outubro de 2003, na cidade do Rio de Janeiro/RJ, o ilustre Médico dos Pobres*9, pela mediunidade do sensitivo Cristão do Novo Mandamento Chico Periotto, concedeu-nos grandioso exemplo da postura dos seguidores do Caminho*10 ao superarem as intempéries do princípio da jornada para fertilizar nos corações a Doutrina Redentora do Jesus Ecumênico. Trago-o para conhecimento de vocês como incentivo à perseverança e à união em torno do ideal da Boa Vontade de Deus, visto que, consoante costumo afirmar, em cada dificuldade que surge, existe o ensejo de suplantá-la.

Esclarece o Dr. Bezerra de Menezes (Espírito):

Tela: Peter Paul Rubens

Pedro

“Os Apóstolos de Jesus venceram, porque, mesmo nos momentos em que tudo parecia perdido, existiam no seio da equipe o entusiasmo, a Fé inabalável, equilibrada e sempre motivadora de Pedro Apóstolo. Pedro sabia, em seu íntimo, que as coisas seriam difíceis. Contudo, com a sua percepção hierárquica, previa a vitória dentro da dificuldade, em plena procela. As chagas que seriam expostas correspondiam aos desafios que também seriam vencidas”.

Ensinar ao “lobo” a Trilha do Bem

Uma das mais gratificantes tarefas do Operário da Seara Divina é a de ensinar ao “lobo” o bom caminho: o da realização que trará celeste felicidade a ele próprio, condição que lhe abrirá as portas do Céu quando ele passar de infeliz obsessor para benfeitor daquele a quem antes perseguia. O ofício do servidor de Deus é derrubar a vingança, que nada constrói, pois apenas destrói.

Arquivo BV

Alziro Zarur (1914-1979)

O Irmão Zarur – e gostamos de lembrar sempre – com belo tom de poesia, preceituava que 

“Deus criou o ser humano de tal forma que ele só pode ser feliz praticando o Bem”.

Isso me faz recordar estas sábias palavras do Profeta Muhammad (570-632) - “Que a Paz e as Bênçãos de Deus estejam sobre ele”, anotadas no Alcorão, 41:46:

“Quem pratica o bem, o faz em benefício próprio; por outra, quem faz o mal, é em prejuízo seu, porque o teu Senhor não é injusto para com os Seus servos.”

Definitivamente, o “lobo” precisa aprender mais essa lição para que alcance real ventura.

Lembre-se: o “lobo” não é vegetariano!

Daí Jesus nos mandar “como ovelhas no meio de lobos” (Boa Nova, segundo Lucas, 10:3). Não para sermos devorados nem para que acreditemos que os “lobos” sejam vegetarianos, todavia, para iluminá-los com a doutrina ecumenicamente solidária do Cristo. Jamais para assimilar os seus maus costumes.

* * * *

Adendo

Extremo exemplo de coragem

Tocado em meu coração pelas felicitações referentes ao transcurso do meu 65º aniversário, ocorrido a 2 de março de 2006, dirigi-me, no mesmo dia, aos ouvintes da Super Rede Boa Vontade de Rádio, agradecendo as manifestações de carinho. Na oportunidade, voltei a fazer algumas considerações sobre a passagem do Evangelho do Celeste Amigo, consoante Lucas, capítulo 10, que estou, com vocês, serenamente analisando. Creio ser útil trazê-las a seguir, a fim de colaborar, segundo certas interpretações, a manter o comportamento de trêmulos “cordeiros” diante de ferozes “lobos”. Ora, o que o Divino Senhor verdadeiramente nos propõe é ato de extrema coragem, valendo-nos de prudência, astúcia e simplicidade, na tarefa de convencer o “lobo invisível” a não mais o ser e a tornar-se um servidor de Deus, a começar pela libertação do Espírito (ou Espíritos) a que perturbava.

Quando o Bom Pastor nos envia como ovelhas para o meio de lobos, significa dizer que Ele nos manda com o coração repleto de Sua Doutrina, de Sua Sabedoria, de Seu Amor, de Sua Coragem para elucidar os seres humanos acerca de Sua Boa Nova Redentora, e não para que nos transformemos em um bando de pusilânimes, conforme pensam alguns a respeito do Cristianismo.

Não é por pregar o Evangelho e o Apocalipse do Cristo de Deus que devemos ser tolos ou tolas, ou, usando terminologia popular, bobões. Longe disso! Dirijo-me a mulheres, homens, crianças e Espíritos, Almas Benditas,  probos, capazes de entender essas minhas modestas meditações. Jesus concedeu-nos o extremado exemplo do destemor: deixou-se crucificar no Gólgota para que, com Sua Divina Luz, pudéssemos ressurgir das cinzas da ignorância espiritual e assumir a Fortaleza Dele.

Na verdade, há um objetivo central do Excelso Taumaturgo ao conduzir as ovelhas — aquelas que, sabendo ou não, fazem jus à luminosidade de Seu Novo Mandamento*11 — ao meio dos “lobos”, que andam pelo mundo perdidos nas convocações da perturbação destruidora: é o de que eles, os “lobos”, consigam sobreviver aos dramas da vida e se tornem espíritos melhores. Desta feita, quando reencarnados, sejam excelentes cidadãos, de modo que deixem de sofrer e de fazer sofrer. E, finalmente, que possam concluir que, acima de tudo, são, em essência, Espírito, filhos de Deus e que, com esse conhecimento básico, podem transformar, para melhor e para sempre, suas existências no Plano Espiritual e na Terra.

Cada vez mais há concorrência, para que se possa subsistir, no dia a dia, neste planeta, ainda bastante selvagem. Não apenas entre as grandes empresas, grupos, cartéis, monopólios, trustes. Sobretudo, entre as próprias criaturas, que não podem soçobrar às pressões desagregadoras do cotidiano.

Em março de 2006, a revista Veja, edição 1945, publicou importante estudo realizado pela Universidade Federal de São Paulo. Com o título “Empregados do vício”, a reportagem revela que:

– “Cerca de 15% dos profissionais brasileiros são dependentes de drogas e álcool no trabalho ou os consomem com frequência, de acordo com um estudo publicado recentemente pela Universidade Federal de São Paulo. Segundo o Ministério do Trabalho, esses funcionários faltam cerca de 26 dias por ano sem justificativa – o triplo do número de faltas de um funcionário comum. A produtividade deles é até 30% menor, e os riscos de acidentes de trabalho são cinco vezes mais elevados (...)”.

Não estão, infelizmente, suportando a batalha diária pela sobrevivência, que se tornou, sob vários aspectos, brutal. O ser humano, de modo assustador, está mergulhando, dia a dia numa condição psíquica instável, afastada do  primário conhecimento de que a Vida começa antes da vida e de que a morte não interrompe a existência do Espírito. Se se mantiver longe da Ciência Espiritual que provém da Dimensão Celeste, e se as ovelhas do Senhor não lhes levarem a Doutrina Redentora assectária do Cristo Ecumênico que levanta a criatura, porque limpa a sua Alma, liberta-a da ignorância espiritual que a martiriza, a criatura humana afastada das Lições Divinas tristemente sofrerá ainda muito mais.

O Filho de Deus em nenhum momento falou às ovelhas: “Mando-vos como paspalhas, tolas, covardes, desfibradas, fujonas para o meio de lobos”. Aliás, por não ser subserviente ao mal, Jesus foi crucificado. Costumo afirmar em minhas palestras: quando – religiosos e políticos daquele tempo – tentaram acabar com Ele, ao pregá-Lo na cruz, ergueram-No, na hora do supremo sacrifício, acima de todas as cabeças. Os Seus maiores adversários – que  acreditavam ter Nele um ferrenho desafeto – definitivamente O apresentaram à humanidade, elevando-O sobre todos.

Jesus, quando elucida sobre ovelhas no meio de lobos agindo com prudência e simplicidade, refere-se a corajosas pessoas que têm sentimento bom e que são ovelhas decididas na ação do Bem.

Desmascarando o anti-Cristo

Na série radiofônica “Evangelho Unificado de Jesus”, que levei ao ar na Super Rede Boa Vontade de Rádio, na década de 1990 –, defendo o meu ponto de vista quanto à verdadeira face do anti-Cristo. Em determinado momento da palestra, feita ao vivo e de improviso, destaquei:

O que mais anti-crístico do que o ódio? Alguns ficam somente esperando um monstro, porque Georges Barbarin (citado por Marques da Cruz, no seu livro Profecias de Nostradamus) escreveu que alguém disse que nasceria uma criança, filha de “uma religiosa hebraica, tendo como pai um bispo. Ao nascer vomitará blasfêmias (...)”.

É preciso livrar as cabeças dessas ilusões, que levam as pessoas a esperar algo fantasmagórico, quando o problema está aqui neste plano mesmo. (...)

Isso apenas mantém as criaturas distraídas. Quando, na verdade, a ação do anti-Cristo é a ira, a pedofilia, a maldade, a corrupção, a impunidade e tudo mais que desonra o Espírito, o ser humano, o cidadão, a comunidade, a sociedade, a pátria, o mundo.

Eis que o anti-Cristo é também uma espécie de “lobo invisível” – o espírito obsessor – que urge ser banido de dentro das criaturas: Babilônia,*12 parte não apreciável de todos nós.

Por falar em Nostradamus (1503-1566), numa carta que endereçou a Henrique II (1519-1559), rei da França, revela que:

A apostasia será quase geral”.

O vidente de Salon*13 fez, com essas poucas palavras, uma descrição da atividade do Anti-Cristo.

O Mestre Jesus, por Sua vez, descrevendo os tempos que vivemos, declarou:

“ – E por se multiplicar a iniquidade [no mundo], o amor de muitos esfriará. Mas aquele, porém, que perseverar até o fim será salvo” (Evangelho de Jesus, segundo Mateus, 24:12 e 13).

(Continua)

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*1 Nota dos editores – Para ter a íntegra da análise ecumênica do Evangelho de Jesus, segundo Lucas, 10:1 a 24 – feita pelo escritor Paiva Netto –, acesse RevistaJesusEstaChegando.com e compre as edições anteriores de JESUS ESTÁ CHEGANDO!.

*2 Evangelho, segundo João, 1:1 a 3:

“1 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
“2 Ele estava no princípio com Deus.
“3 Todas as coisas foram feitas por intermédio Dele, e sem Ele nada do que foi feito se fez.”

*3 O Apocalipse de Jesus para os Simples de Coração - Série radiofônica sobre o Apocalipse de Jesus, feita por Paiva Netto, entre outubro de 1990 e fevereiro de 1992, da qual o autor tem tirado inspiração para vários livros de sucesso. Constituída de mais de 450 programas, está até hoje no ar pela Super Rede Boa Vontade de Rádio e pelo aplicativo Boa Vontade Play.

*4 Nota de Paiva Netto Umbral — Segundo nos relata o Espírito André Luiz, em Ação e Reação, “situado entre a Terra e o Céu, é dolorosa região de sombras, erguida e cultivada pela mente humana, em geral rebelde e ociosa, desvairada e enfermiça”. É onde o Espírito, pelo sofrimento provocado por ele mesmo, revê os erros que praticou e se prepara para novas oportunidades de crescimento espiritual. A existência do Umbral é mais generosa do que a ideia do inferno eterno, porque aquele propicia nova oportunidade ao infrator; este, não. O nobre Irmão dr. Bezerra de Menezes faz sempre questão de salientar: “Umbral também é Caridade”.

*5 Samuel Hahnemann — Nasceu em 10 de abril de 1755, em Meissen, Saxônia. Recebeu como herança de seus pais um nome repleto de simbolismos: Christian, seguidor do Cristo; Friedrich, protegido do rei; Samuel, Deus me escutou, em sinal de reconhecimento ao Criador. Estudou Medicina em Leipzig e Viena. Em 1812, tornou-se professor da Universidade de Leipzig. Aos 36 anos, após a morte de um amigo do qual cuidava clinicamente, resolveu abandonar a carreira. Para sustentar a família, trabalhou em traduções na área da química e de farmacologia. Em um desses trabalhos, deparou-se com a obra do médico escocês William Cullen, no ano de 1790, e surpreendeu-se com a descrição das propriedades do quinino, em especial o fato de que a intoxicação por aquele elemento apresentava sintomas análogos aos da enfermidade natural da febre intermitente. Valeu-se do próprio corpo no experimento científico de diversas substâncias, prosseguindo em testes com o mercúrio, a beladona etc. sempre no homem sadio, elaborando a partir disso a doutrina homeopática, resumida na expressão: “similia similibus curantur”, ou seja, sintomas semelhantes são curados por remédios semelhantes. Em 1810, publicou sua mais importante obra: O Organon, na qual explicou seu sistema. Depois, editou Ciência Médica Pura e Teoria e tratamento homeopático das doenças crônicas. Desde os primeiros momentos, Hahnemann sofreu violenta oposição ao que expunha, particularmente dos farmacêuticos, pelo que muito padeceu. Em 1835, já com seus 80 anos, viúvo, foi procurado por uma jovem como último recurso médico e por ele curada. Eles se casaram e ela o levou para Paris, onde, finalmente, ele obtém reconhecimento. Morreu em 2 de julho de 1843.

*6 ... faremos desse ano - Palavras proferidas por Paiva Netto em 31 de dezembro de 2004, no Estado do Rio Grande do Sul, repetidas a pedidos ao raiar do ano de 2006, em uma Cruzada do Novo Mandamento de Jesus.

*7 Instituições da Boa Vontade (IBVs) — São formadas pela Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo; pela Legião da Boa Vontade (LBV); pela Fundação José de Paiva Netto; pela Fundação Boa Vontade; e pela Associação Educacional Boa Vontade.

*8 Centro Espiritual Universalista, CEU — Leia mais sobre o assunto no primeiro volume das Sagradas Diretrizes Espirituais da Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo (1987), de Paiva Netto.

*9 Médico dos Pobres - Assim era chamado merecidamente o nobre Dr. Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti.

*10 Seguidores do Caminho – Como também eram conhecidos os primeiros cristãos.

*11 Novo Mandamento de Jesus — Evangelho do Cristo, segundo João, 13:34 e 35; 15: 12, 13 e 9: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei. Somente assim podereis ser reconhecidos como meus discípulos, se tiverdes esse mesmo Amor uns pelos outros. (...) Não há maior Amor do que doar a própria vida pelos seus amigos. (...) Porquanto, da mesma forma como o Pai me ama, Eu também vos amo. Permanecei no meu Amor”.

*12 Babilônia - Apocalipse de Jesus, 14:8; 16:19; 17:5; 18:2 e 18:10.

*13 Salon — Cidade francesa onde Nostradamus viveu.

José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É presidente da Legião da Boa Vontade (LBV). Membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter), é filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central. É autor de referência internacional na defesa dos direitos humanos e na conceituação da causa da Cidadania e da Espiritualidade Ecumênicas, que, segundo ele, constituem “o berço dos mais generosos valores que nascem da Alma, a morada das emoções e do raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange tudo o que transcende ao campo comum da matéria e provém da sensibilidade humana sublimada, a exemplo da Verdade, da Justiça, da Misericórdia, da Ética, da Honestidade, da Generosidade, do Amor Fraterno. Em suma, a constante matemática que harmoniza a equação da existência espiritual, moral, mental e humana. Ora, sem esse saber de que existimos em dois planos, portanto não unicamente no físico, fica difícil alcançarmos a Sociedade realmente Solidária Altruística Ecumênica, porque continuaremos a ignorar que o conhecimento da Espiritualidade Superior eleva o caráter das criaturas e, por conseguinte, o direciona à construção da Cidadania Planetária”.