Ecumenismo é Paz no planeta

Fonte: Reflexão de Boa Vontade extraída da entrevista concedida por Paiva Netto à jornalista portuguesa Ana Serra, em setembro de 2008. | Atualizada em setembro de 2022.

Reflexões da Alma

Reflexões da Alma (2003), título que lancei no Brasil, em terras lusitanas (2008), na Argentina (2016) e no idioma internacional Esperanto (2011), segue a Ideologia do Bom Samaritano, tão bem acolhida em diversos países, acerca da qual escrevi na revista BOA VONTADE, número 197, de janeiro de 2005: ajudar o próximo e esclarecê-lo, espiritual e intelectualmente, para que saiba enfrentar os inúmeros desafios cotidianos e consiga erguer uma jornada de vitórias. E, conforme elucidei em Como Vencer o Sofrimento (1990), quando o ser humano se esmera em aprimorar-se no Espírito, tudo melhora à sua volta. A saída está em educar ecumenicamente.

Tela: Domenico Fetti (1589-1623)

Detalhe da obra: A parábola do bom samaritano.

O Ecumenismo Divino é uma questão a ser realizada, pois o estado do mundo real infelizmente é, sob diversos aspectos, ainda este: “Mesmo que seja certa a proposta de outra criatura, se não é do meu rebanho, não interessa”. A solução, portanto, para tamanho absurdo é o Ecumenismo, do qual tanto lhes falo nas múltiplas publicações da Editora Elevação e na mídia eletrônica, destacando-se a internet.

Arquivo BV

Alziro Zarur

Exemplificando que a Boa Vontade é o elo de sapiência que nos une como seres espirituais e terrenos, porque a vida na Terra começa no Céu, exponho nos meus escritos e palestras a visão de tanta gente dos incontáveis redis religiosos, políticos, científicos, filosóficos, artísticos, e, universalizando, do pensamento criador. Porquanto existe um fio de Ariadne*1 que, se fielmente observado, nos livra da terrível escuridão da caverna do insaciável Minotauro, da Ilha de Creta da submissão e do sacrifício humano, conduzindo-nos até à claridade que nos liberta do cativeiro da ignorância que, de uma forma ou de outra, nos oprime a todos. Esse fio de Ariadne é o Novo Mandamento de Jesus, a respeito do qual eu já afirmei ser o fio milagroso que une as partes anacronicamente separadas do organismo sociedade. Alziro Zarur (1914-1979), saudoso fundador da Legião da Boa Vontade, o definiu como o “Denominador Comum”, em que é possível a todas as pessoas confraternizarem.

Arquivo BV

Vinicius de Moraes e Tom Jobim

Concordo com Vinicius de Moraes (1913-1980), o inesquecível poetinha — como ficou conhecido o parceiro de outro gênio da Bossa Nova, Tom Jobim (1927-1994) —, que, com sua peculiar inspiração, versejou: “Você é, ao mesmo tempo, um coração que bate e um único batimento nesse corpo chamado humanidade”.

E esses meus Irmãos em humanidade, quando trazem em si e nos seus escritos um extenso cabedal de expressões em que todos podemos, com um mínimo de Boa Vontade, nos encontrar, demonstram, assim, que o Ecumenismo é verdadeiramente poderoso instrumento de Paz num planeta em que qualquer diletante promove a guerra.

Reprodução BV

Rui Barbosa

Quem deseja se libertar das manipulações do avidíssimo mercado bélico deve revestir-se do espírito que inspirou o corajoso Águia de Haia, Rui Barbosa (1849-1923), quando disse: “Se queres a Paz, prepara-te para a Paz”.

É evidente, pois, a necessidade de se derrubar a antiga bastilha do: Si vis pacem, para bellum” (Se queres a Paz, prepara-te para a guerra), erguida desde os tempos cruéis do Império Romano.

Mas à frente segue Jesus, que nos enche o coração de esperança: “Minha Paz vos deixo, minha Paz vos dou. Eu não vos dou a paz do mundo. Eu vos dou a Paz de Deus, que o mundo não vos pode dar. Não se turbe o vosso coração nem se arreceie, porque Eu estarei convosco, todos os dias, até o fim do mundo!” (Boa Nova*2, segundo João, 14:27; e Mateus, 28:20)

A vivência dessa Paz legítima será o existir natural para o Cidadão do Espírito. (...)

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*1 O fio de Ariadne e o Minotauro — O escritor Paiva Netto sintetiza essa história na obra Somos todos Profetas (1991): De acordo com a mitologia grega, Ariadne era filha de Minos, rei de Creta, um governante cruel que, tendo subjugado Atenas pela força, exigia anualmente o envio de sete rapazes e sete moças atenienses para serem oferecidos em sacrifício ao Minotauro. Esse monstro mítico tinha cabeça de touro e corpo de homem e era mantido pelo tirano em um labirinto tão complexo, que dele ninguém podia escapar. Conta a lenda que um jovem herói ateniense chamado Teseu, filho do monarca Egeu e de Etra, princesa de Trezena, juntou-se àqueles que iam ser sacrificados a fim de matar o Minotauro e salvar os companheiros. Estando Teseu em Creta, Ariadne apaixonou-se por ele e deu-lhe um novelo de linha para que o fosse desenrolando ao entrar no labirinto e pudesse achar, depois, o caminho de volta. Teseu matou o Minotauro e fugiu de Creta, levando a princesa, mas abandonou-a na ilha de Naxos, onde ela, mais tarde, veio a se casar com Dionísio, o deus do vinho na mitologia grega.

*2 Boa Nova de Jesus — Evangelho significa Boa Nova, Boa Notícia.

 

 

José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É presidente da Legião da Boa Vontade (LBV). Membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter), é filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central. É autor de referência internacional na defesa dos direitos humanos e na conceituação da causa da Cidadania e da Espiritualidade Ecumênicas, que, segundo ele, constituem “o berço dos mais generosos valores que nascem da Alma, a morada das emoções e do raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange tudo o que transcende ao campo comum da matéria e provém da sensibilidade humana sublimada, a exemplo da Verdade, da Justiça, da Misericórdia, da Ética, da Honestidade, da Generosidade, do Amor Fraterno. Em suma, a constante matemática que harmoniza a equação da existência espiritual, moral, mental e humana. Ora, sem esse saber de que existimos em dois planos, portanto não unicamente no físico, fica difícil alcançarmos a Sociedade realmente Solidária Altruística Ecumênica, porque continuaremos a ignorar que o conhecimento da Espiritualidade Superior eleva o caráter das criaturas e, por conseguinte, o direciona à construção da Cidadania Planetária”.