Natal de Jesus e Direitos Humanos

Fonte: Jornal A Tribuna Regional, de Santo Ângelo/RS, edição de 20 e 21 de dezembro de 2008, sábado e domingo. | Atualizado em abril de 2023.

O Natal não é época de esquecer os problemas, mas, sim, de pedir a Inspiração Divina para resolvê-los. A sua ambiência deve ser a da Fraternidade sem fronteiras, agora mais do que nunca, imprescindível para que, de fato, surja a Cidadania Planetária, que positivamente saiba defender-se da exploração mundial endêmica. Não apenas o corpo adoece; o organismo sociedade, também.

Ryoji Iwata-Unsplash

A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi adotada, pela Organização das Nações Unidas (ONU), no dia 10 de dezembro de 1948.

Bastante se avançou desde a promulgação da Magna Carta da ONU. Todavia, há muito a ser feito para impedir que, em pleno século 21, mulheres, homens, meninas e meninos continuem sendo vendidos como mercadoria; tragédia que vem afetando a massa de refugiados que fogem de conflitos étnicos, da fome, da seca, da miséria; que crianças prossigam trabalhando em fornos de carvão ou em outras atividades cujas condições são subumanas e que se tornem cegas por carência de vitamina A; que a certeza da impunidade arraste pessoas ao absurdo de roubar doações destinadas aos flagelados por desastres naturais. Sem contar a tortura institucionalizada, que se dissemina pelo planeta. E mais: que tormento maior que a fome — espiritual e material —, além das multidões de analfabetos ou semialfabetizados, dos quais a perspectiva de uma existência decente é mantida distante?

Lei da Solidariedade Universal

Reprodução BV

Giuseppe Mazzini

Na contramão da insensatez humana, vislumbramos, na vivência do Mandamento Novo de Jesus — “Amai-vos como Eu vos amei. (...) Não há maior Amor do que doar a própria vida pelos seus amigos” (Evangelho, segundo João, 13:34 e 15:13) —, o denominador comum capaz de, fraternalmente unindo, iluminar os corações. É a religião da amizade, do bom companheirismo*1, destacado por João Evangelista, no Apocalipse do Cristo, 1:9. Religião é para dirimir conflitos que nascem da intimidade egoísta do ser humano. Por isso, esse Sublime Sentimento é louvado e vivido pela Religião do Terceiro Milênio como a Lei da Solidariedade Universal; portanto, espiritual, moral e social. Asseverou Giuseppe Mazzini (1805-1872), patriota e revolucionário italiano: “A vida nos foi dada por Deus para que a empreguemos em benefício da humanidade”. E Augusto Comte (1798-1857), o filósofo do Positivismo, concluiu: “Viver para os outros é não somente a lei do dever, mas também da felicidade”.

Reprodução BV

Augusto Comte

A vivência do revolucionário espírito de Caridade, sinônimo de Amor, é essencial, a começar pelos governantes. Os que sofrem violência que o digam.

O ser humano é quem realiza o mundo: se ele estiver espiritualmente mal, a humanidade não poderá encontrar-se bem. É matemático.

Felicidade pelo dever cumprido

Há tempos ressaltei que, no Sermão da Montanha de Jesus (Boa Nova, segundo Mateus, 5:1 a 12), vemos a exaltação das Bem-Aventuranças. Ou seja, o Divino Amigo da humanidade enaltece todos aqueles que compreenderam, ao longo das eras, seus deveres de ser humano e de Cidadão do Espírito. E, ao cumpri-los, têm plenamente assegurados os seus direitos, numa esfera que nem todos ainda podem conceber: a espiritual. Eis a chave da Cidadania do Espírito.

Acerca de tão admirável prédica do Cristo de Deus, o Espírito amigo e Irmão Flexa Dourada, pela psicofonia do sensitivo Cristão do Novo Mandamento Chico Periotto, em 27 de abril de 2019, na cidade do Rio de Janeiro/RJ, com entusiasmo, destacou: “O Sermão da Montanha de Jesus, com suas Bem-Aventuranças, é um conforto extraordinário ao coração de todos na humanidade, sem exceção! Um conforto extraordinário! É de Jesus o Sermão! E Ele dá a chave de como viver na Terra e de como chegar no Mundo Espiritual na hora certa, para ser feliz, que é o que interessa aos Espíritos que têm na Terra o sentido de respeitar Deus, o Pai Celestial”.

Tela: James Tissot (1836-1902)

Detalhe da obra intitulada: O Sermão das Bem-aventuranças.

As Bem-Aventuranças do Sermão da Montanha de Jesus

Arquivo BV

Alziro Zarur

Santo Evangelho do Cristo, segundo Mateus, 5:1 a 12, da magnífica forma com que Alziro Zarur (1914-1979) as proferia.

“Jesus, vendo a multidão, subiu ao monte. Sentando-se, aproximaram-se Dele os Seus discípulos, e Jesus ensinava, dizendo:

“Bem-aventurados os humildes, porque deles é o Reino do Céu.

“Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados pelo próprio Deus.

“Bem-aventurados os pacientes, porque eles herdarão a Terra.

“Bem-aventurados os que têm fome e sede de Justiça, porque eles terão o amparo da Justiça Divina.

“Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.

“Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão Deus face a face.

“Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus.

“Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da Verdade, porque deles é o Reino do Céu.

“Bem-aventurados sois vós, quando vos perseguem, quando vos injuriam e, mentindo, fazem todo o mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão no Céu.

“Porque assim foram perseguidos os Profetas que vieram antes de vós.”

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*1 Nota dos editores

Bom companheirismo — João Evangelista é destacado por Paiva Netto como exemplo de perseverança e de bom companheirismo. Foi exilado na ilha de Patmos — local em que recebeu o Apocalipse de Jesus — justamente por sua demonstração de amizade verdadeira a todos aqueles que, obstinados, testemunhavam o Sublime Pastor, mesmo sob implacável perseguição de Seus infelizes adversários. Diz o Evangelista-Profeta, no Livro da Revelação, 1:9: “Eu, João, irmão vosso e companheiro na tribulação, no reino e na perseverança, em Jesus, encontrei-me na ilha chamada Patmos, por causa da Palavra de Deus e do Testemunho de Jesus Cristo.

José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É presidente da Legião da Boa Vontade (LBV). Membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter), é filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central. É autor de referência internacional na defesa dos direitos humanos e na conceituação da causa da Cidadania e da Espiritualidade Ecumênicas, que, segundo ele, constituem “o berço dos mais generosos valores que nascem da Alma, a morada das emoções e do raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange tudo o que transcende ao campo comum da matéria e provém da sensibilidade humana sublimada, a exemplo da Verdade, da Justiça, da Misericórdia, da Ética, da Honestidade, da Generosidade, do Amor Fraterno. Em suma, a constante matemática que harmoniza a equação da existência espiritual, moral, mental e humana. Ora, sem esse saber de que existimos em dois planos, portanto não unicamente no físico, fica difícil alcançarmos a Sociedade realmente Solidária Altruística Ecumênica, porque continuaremos a ignorar que o conhecimento da Espiritualidade Superior eleva o caráter das criaturas e, por conseguinte, o direciona à construção da Cidadania Planetária”.