Natureza cética e essência espiritual
Sobre a vivência do nobre sentimento universal — o Amor Fraterno —, traduzido por meio de inúmeros gestos, atitudes, expressões, no mesmo diapasão bíblico, manifesta-se o filósofo escocês David Hume (1711-1776). No seu Tratado sobre a natureza humana, referindo-se ao “intercâmbio de sentimentos”, capazes de estabelecer “padrões gerais inalteráveis” de costumes e caracteres em sociedade, declarou: “Mediante esses princípios, podemos, com facilidade, explicar o mérito que comumente se atribui à generosidade, ao respeito humano, à compaixão, à gratidão, à amizade, à fidelidade, à dedicação, ao desprendimento, à prodigalidade, e a todas as outras qualidades que formam o caráter bom e benevolente. Uma propensão a sentimentos afetuosos torna um homem agradável e útil em todos os aspectos da vida; e imprime uma direção apropriada a todas as suas outras qualidades, as quais, de outro modo, podem se tornar prejudiciais à sociedade. (...)”.
E concluiu o pensador: “É digno de ser notado que nada comove mais a humanidade do que um exemplo de extraordinária sensibilidade no amor ou na amizade, em que uma pessoa presta atenção às menores preocupações de seu amigo e está disposta a sacrificar por ele seus mais importantes interesses”.
Bela assertiva do empirista britânico. Devemos aproveitar o ensejo para ressaltar que o processo de construção do saber não ocorre apenas pelas vias da racionalidade pura, ou somente pelos palpáveis cinco sentidos humanos, como defendia Hume, desprovidos de um conhecimento que antecede o corpo físico. Já discorri reiteradas vezes sobre o assunto: não somos uma peremptória caixa de detritos biológicos, composta de carne, músculos e ossos, pois nossa essência é espiritual.
Lição que o Santo Evangelho de Jesus, segundo João, 6:63, nos provoca ao raciocínio: “O Espírito é o que vivifica; a carne para nada serve; as palavras que Eu vos tenho dito são Espírito e Vida”.
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