O Mundo Espiritual, Sócrates, Platão, A República e as EQMs

Os editores

Reprodução BV

Platão

Em Os mortos não morrem, o escritor Paiva Netto dedica uma série de capítulos à análise de importantíssimo diálogo socrático anotado por um dos maiores filósofos da antiga Grécia, Platão (aprox. 427-347 a.C.) — o brilhante discípulo de Sócrates (aprox. 470-399 a.C.) —, constante de sua obra A República. E por que o autor traz uma peça escrita há tantos milênios (por volta de 380 a.C.) para falar sobre Experiências de Quase-Morte?  É porque no último livro de A República, o décimo, Platão replica o diálogo de Sócrates com Glauco, por meio do qual o instrui a respeito da imortalidade da Alma, da recompensa aos justos (neste e no Outro Mundo), do julgamento dos mortos e do renascimento das Almas. E é nesse mesmo texto que nos defrontamos com um verdadeiro caso de experiência de quase-morte (EQM), tão pesquisada nos dias atuais.

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Sócrates

A EQM narrada por Sócrates se refere a um soldado da antiguidade chamado Er, cujo corpo fora resgatado num campo de batalha, junto a outros já em decomposição. O príncipe dos filósofos esclarece: “Não é a história de Alcino que te vou contar [Glauco], mas a de um homem valoroso: Er, filho de Armênio, originário de Panfília. Ele morrera numa batalha; dez dias depois, quando recolhiam os cadáveres já putrefatos, o seu foi encontrado intacto. Levaram-no para casa, a fim de o enterrarem, mas, ao décimo segundo dia, quando estava estendido na pira, ressuscitou. (...) Assim que recuperou os sentidos, contou o que tinha visto no além.

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Na sequência desses fabulosos capítulos de Os mortos não morrem, em que Paiva Netto faz amplo estudo sobre a complexa e extensa narrativa de A República, encontramos:

EXPERIÊNCIAS DE QUASE-MORTE (EQMs)

Nos capítulos anteriores, pudemos estudar vários pontos da narrativa do soldado Er sobre os momentos em que permaneceu aparentemente morto. Todavia, a ligação de seu Espírito com o vaso físico não se havia encerrado. Para a surpresa da comunidade, o guerreiro grego, cujo corpo já recebia as homenagens finais, retorna do suposto óbito e descreve em minúcias o que viu do Outro Lado da Vida.

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Dr. Raymond Moody

Conceituados pesquisadores pelo mundo, de diversas áreas acadêmicas, têm investigado fenômenos iguais a esse, ocorrido na Grécia antiga. O antes mencionado dr. Raymond Moody, psiquiatra e filósofo norte-americano, é um dos principais especialistas no tema. Foi ele quem primeiro usou a expressão “experiência de quase-morte” (EQM) em seus estudos. O interesse pelo assunto deu-se a partir de 1962, quando frequentava, na Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos, um curso de Filosofia no qual analisou justamente A República, de Platão. Ao ler o último livro, impressionou-se com a história de Er e, de lá para cá, não parou mais de examinar esses eventos, tendo tomado ciência de milhares de relatos. Em sua obra A Vida depois da Vida, assim resumiu a perspectiva platônica: “De acordo com Platão, a alma vem ao corpo físico de um reino superior e divino do ser. Para ele é o nascimento que é o dormir e o esquecer, uma vez que a alma, ao ser nascida no corpo, vai de um estado de maior consciência para um bem menos consciente, e nesse meio-tempo esquece a verdade que sabia no estado anterior fora do corpo. A morte, por implicação, é um despertar e um relembrar. Platão observa que a alma que com a morte foi separada do corpo pode pensar e raciocinar ainda mais claramente do que antes, e que pode mais facilmente reconhecer as coisas na sua verdadeira natureza. Além disso, logo depois da morte depara-se com um ‘julgamento’, em que um ser divino exibe diante da alma todas as coisas — tanto boas quanto más — que ela fez durante a sua vida, e faz com que a alma as encare”.

O programa Conexão Jesus — O Ecumenismo Divino, da Super Rede Boa Vontade de Comunicação (rádio, TV, internet e publicações), realizou uma entrevista exclusiva com o renomado professor, cujo conteúdo reproduziremos, em trechos, aqui. Na oportunidade, ele nos trouxe a explicação clássica do que é uma EQM:

 

 

Experiência de quase-morte (EQM) é uma forma de consciência transcendental ou um estado alterado de consciência que acomete as pessoas quando elas se encontram em um estado fisiológico extremo: o coração pode parar e a respiração também, mas mesmo assim, do ponto de vista delas, elas entram num estado muito profundo de consciência transcendental. E é isso que chamamos de experiência de quase-morte. (...)

“Em 1973, quando comecei a palestrar mais formalmente sobre esses temas em sociedades médicas, ficou evidente que essa experiência era muito comum e que ela precisava de alguma espécie de denominação. Pensei em vários nomes, mas o primeiro que surgiu foi experiências visionárias paramortais. Quando falei o nome para um dos meus professores, o dr. Ross Morse, professor de Hematologia, que estava interessado no meu trabalho, ele disse: ‘Não soa muito como um termo médico’. Então, tentei pensar em outro termo e não queria dizer ‘Experiências de Morte’, porque essas pessoas não estavam mortas; estavam próximas da morte, mas normalmente dizemos que alguém está quase morto. Por isso, pareceu sensato chamá-las de ‘Experiências de Quase-Morte’”.

 

Acompanhe também o relato do neurocirurgião norte-americano dr. Eben Alexander III, que passou por uma experiência de quase-morte, também citado no livro Os mortos não morrem. A entrevista foi concedida ao programa Conexão Jesus — O Ecumenismo Divino, da Super Rede Boa Vontade de Comunicação.

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José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É presidente da Legião da Boa Vontade (LBV). Membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter), é filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central. É autor de referência internacional na defesa dos direitos humanos e na conceituação da causa da Cidadania e da Espiritualidade Ecumênicas, que, segundo ele, constituem “o berço dos mais generosos valores que nascem da Alma, a morada das emoções e do raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange tudo o que transcende ao campo comum da matéria e provém da sensibilidade humana sublimada, a exemplo da Verdade, da Justiça, da Misericórdia, da Ética, da Honestidade, da Generosidade, do Amor Fraterno. Em suma, a constante matemática que harmoniza a equação da existência espiritual, moral, mental e humana. Ora, sem esse saber de que existimos em dois planos, portanto não unicamente no físico, fica difícil alcançarmos a Sociedade realmente Solidária Altruística Ecumênica, porque continuaremos a ignorar que o conhecimento da Espiritualidade Superior eleva o caráter das criaturas e, por conseguinte, o direciona à construção da Cidadania Planetária”.