Erradicar a miséria: uma questão econômica ou de consciência?
Dezessete de outubro, Dia Internacional da Erradicação da Pobreza. Reitero o fato que venho alertando desde o fim da década de 1970: a Solidariedade expandiu-se do luminoso campo da ética e apresenta-se como uma estratégia, de modo que o ser humano possa alcançar a própria sobrevivência. À globalização da miséria contrapomos a globalização da Fraternidade Ecumênica, que espiritualiza a Economia e solidariamente a disciplina, como forte instrumento de reação ao pseudofatalismo da pobreza.
Daí o indispensável valor da Caridade. E observem que não é de hoje que a tese de que “a Caridade não resolve nada” tem a defesa de alguns que atribuem a ela — acreditem — a manutenção do status quo, em que a pobreza e a miséria são apenas maquiadas por uma ineficiente ação assistencialista.
Esse tipo de postura carece, contudo, de um entendimento do real papel da Caridade na melhoria das condições de vida das populações. Vale notar, entretanto, que a defesa da inoperância dela, mesmo equivocada, chama a atenção para o combate à inércia e à covardia de muitos que, podendo auxiliar no incentivo e no crescimento social dos povos, preferem esquivar-se com parcas e míseras esmolas. Se bem que, para aquele que está com fome, toda ajuda é bem-vinda.
Disse o Profeta Muhammad (570-632) — “Que a Paz e as Bênçãos de Deus estejam sobre ele!”: “Jamais alcançareis a virtude, até que façais caridade com aquilo que mais apreciardes. E sabei que, de toda caridade que fazeis, Allah bem o sabe”.
A Caridade, aliada à Justiça dentro da Verdade, é o combustível das transformações profundas. Sua ação é sutil, mas eficaz. A Caridade é Deus.
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