Seca e queimadas no Brasil
É estarrecedora a notícia veiculada na sexta-feira, 20/8, pela Agência Brasil, dando conta de que o número de focos de incêndios – em várias regiões do país – somados entre 1o de janeiro e 19 de agosto aumentou 100% em relação ao mesmo período de 2009. Segundo a matéria, editada por Juliana Andrade, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) registrou 33.177 focos de incêndios em todo o Brasil, o dobro de 2009.
Em outro informe da mesma agência, o coordenador do Monitoramento de Queimadas do INPE, Alberto Setzer, explicou que “em 2009 essa região do Brasil Central chegou a ter 10 milímetros de chuva em agosto. Este ano, até agora, não caiu uma gota d’água. Em partes de Minas e Goiás e no Tocantins não chove há mais de três meses”.
O pesquisador alertou para o fato de que o problema não está restritamente ligado à questão climática: “Nenhuma dessas queimadas é natural. Sempre começam porque alguém fez o que não devia, agindo contra as leis florestais. Não são incêndios naturais, o clima seco ajuda a expandir, mas alguém começou o fogo”.
Aliás, uma amiga minha, Aparecida, contou-me que seu sobrinho, de 22 anos, sofreu descolamento de retina por causa do clima seco em Minas Gerais.
Brasília e São Paulo
As intensas queimadas no Centro-Oeste e mesmo na Amazônia puderam ser sentidas pelos brasilienses. Na terça-feira, 17/8, a capital federal, famosa pelo límpido céu azul, ficou envolta por uma névoa seca. Consequentemente, os níveis de monóxido de carbono (CO) e particulados (certo tipo de fuligem) chegaram a patamares atingidos por metrópoles como São Paulo.
Está difícil respirar
Por falar na capital bandeirante, a poluição do ar não é mais exclusividade de grandes centros urbanos. Em recente relatório divulgado pela Companhia Ambiental do Estado de SP (Cetesb), dez cidades do interior paulista, com mais de 200 mil habitantes, contêm o ar saturado. Campinas, Ribeirão Preto, São José dos Campos e Taubaté encabeçam a lista. Já Araraquara, Bauru, São Carlos e São José do Rio Preto estão no limite. Municípios da Baixada Santista e cidades próximas da capital também sofrem com o problema. Ao confrontar esses dados com relatórios de anos anteriores, percebe-se uma piora na qualidade do ar, sobretudo em Santos, Santo André e Cubatão, que pensávamos estar em definitivo livre desses males.
Independentemente da origem dos poluentes, o ar saturado, nocivo à saúde, prejudica mais os idosos e as crianças. Aumenta, ainda, o risco de a pessoa desenvolver câncer de pulmão.
Entre as medidas de contenção do avanço dos níveis de ozônio (provenientes de substâncias lançadas no ar pela queima incompleta dos combustíveis veiculares), o controle sobre o diesel deve estar, na opinião de especialistas, em primeiro plano.
Cuidados no inverno
Sabemos que o ar frio, quando não ocorre o fenômeno da inversão térmica, auxilia a dissipar os poluentes atmosféricos, melhorando a qualidade do ar. Contudo, no inverno, certas providências devem ser observadas. O meu secretário, jornalista Francisco Periotto, enviou-me pesquisa realizada pela Universidade de Londres, no Reino Unido. Publicado na revista científica British Medical, o estudo apontou para o aumento de pelo menos 200 infartos a mais do que o normal, em idosos, provocado pela redução de apenas 1°C na temperatura ambiente. A vulnerabilidade maior quanto às implicações das baixas temperaturas aparentemente está relacionada às pessoas na faixa etária de 75 a 84 anos e àquelas com histórico de doenças cardiovasculares.
Segundo cardiologistas, no Brasil essa relação entre frio e infarto já pode ser verificada na Região Sul e no Estado de São Paulo.
Cuidemos, pois, para que os integrantes da Melhor Idade e as crianças estejam sempre devidamente alimentados, agasalhados e protegidos do frio.
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