À querida Zélia Gattai
Em 17 de maio de 2008, a memorialista, romancista e fotógrafa paulistana Zélia Gattai (1916-2008) partiu ao encontro do seu amado Jorge. Filha de imigrantes italianos, baiana de coração, deixa-nos um legado que mescla o amor pela cultura ao afeto da mulher companheira e aguerrida. Ocupava a cadeira que foi de seu marido, Jorge Amado (1912-2001), na Academia Brasileira de Letras (ABL). É uma imortal não apenas pela obra literária, que nos enriqueceu o conhecimento, principalmente sobre a vitoriosa trajetória dos oriundi em nosso país, mas também pelo seu próprio exemplo.
O veterano Hélio Fernandes, na sua combativa Tribuna da Imprensa, ressalta: “Além de queridíssima, Zélia Gattai tinha aspectos curiosíssimos de vida. Começou a escrever aos 63 anos, e aí não parou mais, até os 91 registrados anteontem”. Uma lição aos que, mesmo ainda novos, caem em injustificável desalento.
As vezes em que nos encontramos ou nos correspondemos, de acordo com o bilhetinho que na data do falecimento de seu corpo enderecei aos seus estimados filhos João Jorge e Paloma ─ nela sempre observei uma grande devoção à vida, manifesta na alegria contagiante, uma de suas mais belas características. Era o carinho em pessoa. Todo o amor, coragem e perseverança que expressou, no Brasil e no exílio, continuam vivos, agora, ao lado do seu afetuoso Jorge, porquanto os mortos não morrem.
Em homenagem a tão nobre Alma, transcrevo a cartinha que lhe enviei, em 29 de setembro de 1999, e que gratas recordações me trazem ao Espírito:
Querida Zélia,
Deus Está Presente!
I — Estou, neste momento, na aconchegante cozinha aqui de casa, lendo A Casa do Rio Vermelho.
II— Aliás, um lugar apropriado para saborear um texto tão delicioso.
III — Ia até lhe pedir perdão pela forma que o estou degustando: sento-me à mesa e o abro em qualquer página, pois está repleto de historinhas muito boas. Mas acontece que li uma parte em que Você revela que vai escrevendo à vontade, passeando pelo tempo, porque não tem anotação nenhuma; tira tudo da cachola. E que cabeça boa. Quantas lembranças!
IV— Seu livrinho (tratamento carinhoso) tem poderes curativos, sabia? Com ele estou me desestressando.
V— Obrigado, doutora-escritora-médica!
VI — Adoro-a, desde Anarquistas, graças a Deus!
VII — Corrigindo: já gostava, muito antes, da turma da Rua Alagoinhas, 33.
VIII — Um grande beijo, muita saúde para o Jorge e um forte abraço para todos os seus familiares e amigos, que lhe são muito queridos, como podemos sentir em todas as suas adoráveis produções.
IX — Realmente, como disse o poeta Zarur (1914-1979): “O Amor é todo o encanto da vida”. E é mesmo!
Viva Jesus!
P.S.: Grato pela carinhosa dedicatória no livro.
Ela, sempre prestativa, no dia imediato, já me respondia: “Obrigada, meu caro Paiva Netto, pelas palavras gentis e generosas que me mandou, palavras estimulantes. Jorge se recupera satisfatoriamente de problemas cardíacos. Ele se junta a mim para abraçá-lo afetuosamente”.
Querida Zélia, onde quer que esteja, no Mundo da Verdade, receba as minhas vibrações de paz e gratidão. E recomendações ao inesquecível Jorge.
Acadêmicos gaúchos na LBV de Portugal
O Portal Boa Vontade divulgou nota que me trouxe satisfação:
“Porto/Portugal — Um grupo de acadêmicos da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), de Gravataí/RS, esteve na Legião da Boa Vontade, em 2 de maio corrente. A visita ocorreu no Centro Social da LBV, localizado na Rua João Ramalho, 263 — Porto.
“Denotando as suas preocupações ambientais, o grupo apresentou uma palestra sobre o tema ‘Esfera Azul: Responsabilidade Social e Sustentabilidade’. Por sua vez, a equipe de trabalho do Centro Social da LBV mostrou à delegação brasileira aspectos das ações de solidariedade desenvolvidas pela Instituição de Portugal.
“O coordenador do Programa Esfera Azul, dr. David Ferreira, agradeceu a calorosa acolhida e a oportunidade de ver de perto as ações sociais da Legião da Boa Vontade da Europa. Conheça o trabalho realizado pela LBV de Portugal. Acesse: www.lbv.pt".
Reflexões da Alma
Em breve, nas terras de Camões, o meu livro Reflexões da Alma será lançado pela Editora Pergaminho. Como boa parcela dos brasileiros, possuo laços com o povo português. Assim ocorre com a nossa notável Porto Alegre (dos Casais), cuja concretização teve o auxílio de imigrantes açorianos, vindos do arquipélago onde nasceu, na ilha de São Miguel, o admirável Antero de Quental (1842-1891). Fico feliz com esses traços de união entre duas pátrias irmãs. E não é para menos, visto que “Portugal é uma paixão”, título de artigo que lá redigi e foi publicado em alguns periódicos lusitanos, entre eles Jornal de Notícias, do Porto, e Jornal da Maia, cujo nome homenageia a cidade onde é rodado e distribuído.
Os comentários não representam a opinião deste site e são de responsabilidade exclusiva de seus autores. É negada a inserção de materiais impróprios que violem a moral, os bons costumes e/ou os direitos de terceiros. Saiba mais em Perguntas frequentes.