Uma história de Amor

Fonte: Jornal A Tribuna Regional, de Santo Ângelo/RS, edição de 26 e 27 de janeiro de 2008, sábado e domingo. | Atualizado em dezembro de 2024.

Vou contar-lhes esta história, porque quem disser que não quer ser amado está doente ou mentindo. Ela começa na Bahia, cruza o sul do país e tem belo desfecho no Rio de Janeiro.

Arquivo pessoal

Idalina Cecília e Bruno Paiva

Em 27 de janeiro, meus pais, Bruno (1911-2000) e Idalina Cecília (1913-1994), se estivessem entre nós, completariam mais um ano de feliz casamento.

Peço licença a vocês para narrar o autêntico conto de amor que ambos viveram, modelo de perseverança e superação para os que se gostam.

Conheceram-se em Camaçari. Hoje, um dos mais importantes polos petrolíferos do Brasil. Ele tinha 9 anos de idade. Ela estava com 7. Quando cresceram, a família foi contra o namoro por serem primos. Não que fossem pessoas ruins, temiam o grau de parentesco. Então, colocaram meu pai num seminário e mandaram minha mãe, ainda jovem, para o Rio de Janeiro. Passam-se muitos anos, quando meu velho, já sem batina, também vai para a Cidade Maravilhosa. Entretanto, não a encontra nessa primeira tentativa. Desiludido, viaja por várias regiões do país, incluído o sul. Longe de seu verdadeiro amor, volta ao Rio decidido a localizá-la.

Acervo família Caymmi

Caymmi casou-se com dona Stella Maris em 1940 e da feliz união nasceram três filhos: Dori, Nana e Danilo.

Certo dia, na capital carioca, o querido e consagrado compositor e cantor Dorival Caymmi (1914-2008), conhecido deles desde a infância, topa com seu Bruno e lhe diz, com seu sotaque bem baiano: “Ô Ioiô, você sabe quem encontrei? Idalina!! Ela veio, com uma prima, aqui na rádio. Está morando na rua Gregório Neves, no Engenho Novo”. Meu pai não titubeou e dirigiu-se ao endereço indicado por Caymmi. Chegando lá, foi recebido pela minha tia-avó, Amália. Ao vê-lo, ela se vira para dentro de casa e chama em alta voz: “Idalina, o seu primo da Bahia está aqui! Ele veio casar com você!” E um dado curioso é que, um mês antes desse reencontro, minha mãe terminara seu noivado forçado com um médico. Naquele tempo, o poder patriarcal era uma parada!

Acervo família Caymmi

Família reunida. Na foto, a partir da esquerda, Dori, dona Stella, Danilo, Nana e Dorival.

Arquivo BV

Lícia Margarida de Paiva

Idalina e Bruno uniram-se em 1940, vinte anos depois que se viram pela primeira vez. Adivinhem quem foi o padrinho de casamento? O saudoso Dorival Caymmi, privilegiado marido de Dona Stella Maris (1922-2008) e ditoso pai de Nana, Dori e Danilo, e que sempre encantou as plateias.

Arquivo BV

Alziro Zarur

Observando o grande exemplo de meus amados pais, relembro, com Lícia (1942-2010), minha irmã, algumas palavras que publiquei em Reflexões e Pensamentos — Dialética da Boa Vontade, lançado em 1987: Assim como o sangue, circulando pelo corpo, oxigeniza e alimenta as células humanas, o Amor, percorrendo os mais recônditos pontos de nossa Alma, fertiliza-a e a torna plena de vida. (...) Ao término de tudo, ele — que se expressa das mais surpreendentes formas no sublime labor de conduzir os homens à sobrevivência — vencerá! Prosseguimos acreditando na vitória final do Espírito Eterno do ser humano, “a Obra Máxima do Criador”, na definição de Alziro Zarur (1914-1979).

José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É presidente da Legião da Boa Vontade (LBV). Membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter), é filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central. É autor de referência internacional na defesa dos direitos humanos e na conceituação da causa da Cidadania e da Espiritualidade Ecumênicas, que, segundo ele, constituem “o berço dos mais generosos valores que nascem da Alma, a morada das emoções e do raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange tudo o que transcende ao campo comum da matéria e provém da sensibilidade humana sublimada, a exemplo da Verdade, da Justiça, da Misericórdia, da Ética, da Honestidade, da Generosidade, do Amor Fraterno. Em suma, a constante matemática que harmoniza a equação da existência espiritual, moral, mental e humana. Ora, sem esse saber de que existimos em dois planos, portanto não unicamente no físico, fica difícil alcançarmos a Sociedade realmente Solidária Altruística Ecumênica, porque continuaremos a ignorar que o conhecimento da Espiritualidade Superior eleva o caráter das criaturas e, por conseguinte, o direciona à construção da Cidadania Planetária”.