Profeta Daniel no TBV

Fonte: A Tribuna Regional, de Santo Ângelo/RS, edição de 21 e 22 de abril de 2012, sábado e domingo. | Atualizado em outubro de 2024.
Clayton Ferreira

A estátua representa a passagem do sexto capítulo do livro do Profeta Daniel, no Antigo Testamento da Bíblia Sagrada, sob o título: “Daniel na cova dos leões”. Na bela imagem acima, observa-se, ao fundo, o Trono e Altar de Deus.

Ao comemorarmos, em 21 de outubro de 2024, os 35 anos do Templo da Boa Vontade, em Brasília/DF, apresento-lhes uma das belezas do TBV. Em sua Nave, encontra-se bela réplica, autorizada pelo Ministério da Cultura, da estátua do Profeta Daniel com os leões. Obra do renomado escultor, desenhista, entalhador e arquiteto no Brasil colonial Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido como Aleijadinho (1730-1814). Ele é conterrâneo do grande Tiradentes (1746-1792), mártir da Inconfidência Mineira, cuja data se comemora em 21 de abril.

A representação artística de Daniel é símbolo de um extraordinário exemplo que renova nossa Fé no Ser Onipotente, Onipresente, Onisciente e, peço licença para acrescentar, Onidirigente. Disse Jesus: “O que não é possível ao homem para Deus é sempre possível” (Evangelho do Cristo, segundo Mateus, 19:26, e consoante Marcos, 10:27).

Daniel, a Fé e o Poder da Prece

De meu livro Jesus e a Cidadania do Espírito (2018) trago a seguinte reflexão:

Costumo enfocar em meus artigos na imprensa e em palestras no rádio, na televisão e na internet: O milagre que Deus espera dos seres espirituais e humanos é que aprendam a amar-se. E a prece é ferramenta poderosa para essa metamorfose urgente, porquanto a oração é o alimento da Alma, e o Amor, a substância da Justiça e da Paz. Tanto é verdade que inspirou a Melanchton (1497-1560), educador e teólogo luterano, esta preciosa manifestação: “As tribulações e as perplexidades levam-me à prece; em compensação, a prece aparta-me dessas aflições”.

O Profeta Daniel, conhecido pela acertada interpretação que fez do sonho de Nabucodonosor (aprox. 634-562 a.C.), rei da Babilônia (Livro de Daniel, capítulo 2o), por jamais duvidar do Senhor dos Universos, comprovou a força da oração oriunda da convicção suprema no Pai Celestial. Não titubeou nem mesmo quando Dario assinou edito que condenava à cova de leões os que adorassem, durante o período de um mês, qualquer deus ou homem que não fosse o próprio rei. Nesse episódio, vemos o soberano persa ser induzido maliciosamente por seus príncipes ardilosos, os quais desejavam encontrar alguma infração na conduta impecável daquele que seria promovido a administrador de todo o reino. Isso não impediu Daniel de reverenciar o Criador, orando de joelhos, como de hábito, três vezes ao dia. Denunciado o Profeta pelos que cavavam sua ruína, Dario, com lamento e pesar, sentenciou-o à pena de morte, ainda que tentando, sem sucesso, evitar tamanha injustiça. Agoniza, então, em seu palácio, passando a noite em jejum. Pela manhã, dirige-se às pressas ao local do martírio, testemunhando fato milagroso.

Daniel na cova dos leões

(Livro de Daniel, 6:20 a 28)

“20 E, chegando-se à cova, chamou por Daniel com voz triste; e disse o rei a Daniel: Daniel, servo do Deus vivo! Porventura, se daria o caso que o teu Deus, a quem tu continuamente serves, tenha podido livrar-te dos leões?

“21 Então, Daniel falou ao rei: Ó rei, vive para sempre!

“22 O meu Deus enviou o Seu anjo e fechou a boca dos leões, para que não me fizessem dano, porque foi achada em mim inocência diante Dele; e também contra ti, ó rei, não tenho cometido delito algum.

“23 Então, o rei muito se alegrou em si mesmo e mandou tirar a Daniel da cova. Assim, foi tirado Daniel da cova, e nenhum dano se achou nele, porque crera no seu Deus.”

Nem é preciso descrever quão feliz ficou Dario. E à forma dura e crua daquele tempo, parecido algumas vezes com este, fez com que os acusadores do Profeta, com suas famílias, fossem lançados às garras dos leões.

“24 Ordenou o rei, e foram trazidos aqueles homens que tinham acusado a Daniel, e foram lançados na cova dos leões, eles, seus filhos e suas mulheres; e ainda não tinham chegado ao fundo da cova quando os leões se apoderaram deles, e lhes esmigalharam todos os ossos.”

Depois disso, o rei conclamou o povo a adorar o Deus único professado por Daniel, pois seria Aquele o Deus vivo que permanece eternamente, cujo reino “não se pode destruir”:

“25 Então, o rei Dario escreveu a todos os povos, nações e gente de diferentes línguas que habitam em toda a Terra: A paz vos seja multiplicada!

“26 Da minha parte é feito um decreto, pelo qual, em todo o domínio do meu reino, os homens tremam e temam perante o Deus de Daniel, porque Ele é o Deus vivo e que permanece para sempre; e o Seu reino não se pode destruir, e o Seu domínio não terá fim.

“27 Ele livra, e salva, e opera sinais e maravilhas no Céu e na Terra; Ele salvou e livrou Daniel do poder dos leões.

“28 Este Daniel, pois, prosperou no reinado de Dario e no reinado de Ciro, o persa”.

A propósito, acerca do poder extraordinário da Fé Realizante, que todos os seres espirituais e humanos possuem, Paulo Apóstolo considerou: “A Fé é a substância das coisas desejadas, a convicção de fatos que não se veem” (Epístola aos Hebreus, 11:1).

José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É presidente da Legião da Boa Vontade (LBV). Membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter), é filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central. É autor de referência internacional na defesa dos direitos humanos e na conceituação da causa da Cidadania e da Espiritualidade Ecumênicas, que, segundo ele, constituem “o berço dos mais generosos valores que nascem da Alma, a morada das emoções e do raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange tudo o que transcende ao campo comum da matéria e provém da sensibilidade humana sublimada, a exemplo da Verdade, da Justiça, da Misericórdia, da Ética, da Honestidade, da Generosidade, do Amor Fraterno. Em suma, a constante matemática que harmoniza a equação da existência espiritual, moral, mental e humana. Ora, sem esse saber de que existimos em dois planos, portanto não unicamente no físico, fica difícil alcançarmos a Sociedade realmente Solidária Altruística Ecumênica, porque continuaremos a ignorar que o conhecimento da Espiritualidade Superior eleva o caráter das criaturas e, por conseguinte, o direciona à construção da Cidadania Planetária”.