Pedagogia de Deus

Fonte: Reflexão de Boa Vontade extraída do livro “Jesus e a Cidadania do Espírito”, de outubro de 2019 | Atualizado em fevereiro de 2025.

"Eu te instruirei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e te guiarei com os meus olhos."

(Livro dos Salmos, 32:8)

A Educação existe para libertar os povos. Mas, com a indispensável Espiritualidade Ecumênica, os sublima. Eis a Pedagogia de Deus, que prepara o indivíduo para viver a Cidadania Espiritual, Altruística, Ecumênica e Planetária, alicerçada no exercício pleno da Solidariedade, da Fraternidade e da Generosidade.

Reprodução BV

Ulysses Guimarães

Ulysses Guimarães (1916-1992), eminente político brasileiro, traduz a necessidade do ensino ao declarar, em seu discurso proferido a 3 de fevereiro de 1987, após ter sido eleito presidente da Assembleia Nacional Constituinte: “‘Conhecer é ser livre’, dizia um dos grandes apóstolos da América, José Martí. (...) Não há um só exemplo de nação forte sem bom sistema de educação”.

Vivian R. Ferreira

   

Arquivo BV

Alziro Zarur    

Quanto à Pedagogia de Deus, ela foi antevista pelo saudoso fundador da Legião da Boa Vontade, Alziro Zarur (1914-1979), nos anos 1950 e propõe a educação e a reeducação do Espírito Eterno do ser humano firmadas em Jesus, o Grande Educador dos Povos”, na definição do criador da LBV. Zarur também atestou: “O Novo Mandamento de Jesus — ‘Amai-vos como Eu vos amei’ — é a Essência de Deus”.

Tela: James Tissot (1836-1902)

Detalhe da obra: Jesus senta-se à beira-mar e prega.

Justamente por isso, afirmo, o Mandamento Novo do Cristo é a Essência da Pedagogia de Deus. Não há nada mais ilustrativo que o Amor Fraterno, isto é, a vivência do espírito da Caridade, pois este, sim, vence qualquer empecilho e barreira, por maiores que sejam. Zarur ensinava que “Deus criou o ser humano de tal forma que ele só pode ser feliz praticando o Bem”.

O Cristo, que é ecumênico por excelência, veio pessoalmente há dois mil anos exemplificar isso. E exercitar a Ordem Suprema de Jesus implica a capacidade de dedicar-se ao próximo, mesmo àqueles que possam considerar-se nossos inimigos. Assim, aprendemos, sem insidiosa conivência com o erro, a conviver e, amando — a Verdade, a Fraternidade e a Justiça —, a edificar a Paz.

Não foi sem razão que o Sublime Pedagogo nos recordou esta esperançosa profecia anotada por Isaías: “Está escrito nos Profetas: E serão todos ensinados por Deus” (54:13). E ainda: “Todo aquele que do Pai tem ouvido e aprendido, esse vem a mim” (Evangelho de Jesus, segundo João, 6:45).

Natureza cética e essência espiritual

Sobre a vivência do nobre sentimento universal — o Amor Fraterno —, traduzido por meio de inúmeros gestos, atitudes, expressões, no mesmo diapasão bíblico, manifesta-se o filósofo escocês David Hume (1711-1776). No seu Tratado sobre a natureza humana, referindo-se ao “intercâmbio de sentimentos”, capazes de estabelecer “padrões gerais inalteráveis” de costumes e caracteres em sociedade, declarou: “Mediante esses princípios, podemos, com facilidade, explicar o mérito que comumente se atribui à generosidade, ao respeito humano, à compaixão, à gratidão, à amizade, à fidelidade, à dedicação, ao desprendimento, à prodigalidade, e a todas as outras qualidades que formam o caráter bom e benevolente. Uma propensão a sentimentos afetuosos torna um homem agradável e útil em todos os aspectos da vida; e imprime uma direção apropriada a todas as suas outras qualidades, as quais, de outro modo, podem se tornar prejudiciais à sociedade. (...)”.

E concluiu o pensador: “É digno de ser notado que nada comove mais a humanidade do que um exemplo de extraordinária sensibilidade no amor ou na amizade, em que uma pessoa presta atenção às menores preocupações de seu amigo e está disposta a sacrificar por ele seus mais importantes interesses”.

Bela assertiva do empirista britânico. Devemos aproveitar o ensejo para ressaltar que o processo de construção do saber não ocorre apenas pelas vias da racionalidade pura, ou somente pelos palpáveis cinco sentidos humanos, como defendia Hume, desprovidos de um conhecimento que antecede o corpo físico. Já discorri reiteradas vezes sobre o assunto: não somos uma peremptória caixa de detritos biológicos, composta de carne, músculos e ossos, pois nossa essência é espiritual.

Lição que o Santo Evangelho de Jesus, segundo João, 6:63, nos provoca ao raciocínio: O Espírito é o que vivifica; a carne para nada serve; as palavras que Eu vos tenho dito são Espírito e Vida”.

José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É presidente da Legião da Boa Vontade (LBV). Membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter), é filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central. É autor de referência internacional na defesa dos direitos humanos e na conceituação da causa da Cidadania e da Espiritualidade Ecumênicas, que, segundo ele, constituem “o berço dos mais generosos valores que nascem da Alma, a morada das emoções e do raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange tudo o que transcende ao campo comum da matéria e provém da sensibilidade humana sublimada, a exemplo da Verdade, da Justiça, da Misericórdia, da Ética, da Honestidade, da Generosidade, do Amor Fraterno. Em suma, a constante matemática que harmoniza a equação da existência espiritual, moral, mental e humana. Ora, sem esse saber de que existimos em dois planos, portanto não unicamente no físico, fica difícil alcançarmos a Sociedade realmente Solidária Altruística Ecumênica, porque continuaremos a ignorar que o conhecimento da Espiritualidade Superior eleva o caráter das criaturas e, por conseguinte, o direciona à construção da Cidadania Planetária”.