Não jogar a toalha

Fonte: Jornal A Tribuna Regional, de Santo Ângelo/RS, edição de 31 e 1 de janeiro de 2012, sábado e domingo. | Atualizado em novembro de 2024.

Primeiro de janeiro de 2025. Pouco antes de o terceiro milênio ter início, houve quem ficasse deslumbrado, aguardando o surgimento dele. Esperavam que tudo imediatamente se transformasse como em um milagre, num estalo, pá! Contudo, como essa mudança repentina não ocorreu, frustrou a muitos.

O filósofo e matemático alemão Leibniz (1646-1716) afirmava que "Natura non facit saltus"* (a Natureza não dá saltos). Uma verdade científica.

Faço este preâmbulo para saudar um novo ano, porque o nosso dever é não desistir. Não jogar a toalha. Aí, os fatos realmente mudam, e o milagre, que de um clique se deseja, realiza-se: o do trabalho, alimentado pela fé.

Estou prestes a completar 69 anos em outro prodígio: a Legião da Boa Vontade. Em 1o de janeiro de 1950, o radialista e jornalista Alziro Zarur (1914-1979) a inaugurou no Dia da Confraternização Universal. Que bela coincidência!

Comemoraremos o 75o aniversário da LBV, que faz com que as pessoas de Boa Vontade continuem a tê-la. E, "ela está de pé porque é um milagre divino em marcha, em prol do bem comum, em todos os cantos da Terra", dizia Zarur. Com a inestimável ajuda do povo, é claro.

Outra data especial: a inauguração, em 25 de dezembro de 1994, do Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumênica, que fundei em Brasília/DF, portanto, há 30 anos. Na ocasião, na Praça da Paz, diante do Templo da Boa Vontade, cem mil pessoas (segundo cálculos da Polícia Militar) deram boas-vindas ao ParlaMundi da LBV. E quantos acontecimentos notáveis vêm ocorrendo ali, pois as pessoas precisam de entendimento.

Arquivo LBV
vanguarda no Ecumenismo sem fronteiras – Em 7 de janeiro de 1950, Alziro Zarur comanda a primeira reunião ecumênica da Legião da Boa Vontade, a Cruzada de Religiões Irmanadas, pela qual pioneiramente preconizava o inter-relacionamento religioso. Ela foi realizada no Salão do Conselho da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro/RJ.

Por que recear o porvir?

Muitos temem o porvir. Ora, ou se tem Fé em Deus e/ou num grande ideal, ou não. Essa ansiedade deixa a pessoa estressada, depressiva, e com isso não cresce.

O que hoje em geral vemos é o resultado de nossas próprias ações. Elas definem o futuro. Recordo esta minha asserção em Jesus, o Profeta Divino (2011):

Vivemos, há séculos, tentando fazer sucumbir a Mãe Terra, tirando-lhe pouco a pouco a vida. Apenas não nos podemos esquecer de que tal atitude nos atingirá em cheio. Humanamente também somos Natureza.

Então, por que a surpresa com o Discurso do Cristo no Seu Evangelho, segundo Mateus, 24:15 a 28, sobre "a Grande Tribulação como nunca houve nem jamais se repetirá na face da Terra"? Nós mesmos estamos ajudando a montá-la!

Eis aí. É a lei de Ação e Reação. O Estadista Celeste não decide arbitrariamente o futuro deste planeta. E as profecias finais não falam em aniquilamento de nosso orbe, mas sim em radical metamorfose.

Lembro-me sempre de que o saudoso fundador da LBV vaticinava: "Não virá o fim do mundo, virá o fim de um mundo". Fim de um mundo já ocorreu várias vezes. Cada vez que a humanidade se transforma, há o princípio de uma era nova.

Homenagem especial

Ao início de mais um ano, deixo minha homenagem aos nossos leitores, aos colaboradores, aos Anjos Guardiães, aos Legionários da Boa Vontade, aos Cristãos do Novo Mandamento de Jesus, às personalidades de todas as áreas. Juntos, tornamos 2024 um ano de frutíferas realizações em prol da felicidade de tanta gente necessitada de socorro material e espiritual.

Só pudemos alcançar grandes feitos de Solidariedade, porque compareceram com o seu imprescindível apoio. Na seara do Bem, com a ajuda de todos vocês, 2025 nasce, com as costumeiras perturbações, porém repleto de novas esperanças.

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Natura non facit saltus — O pensamento de Leibniz também é encontrado da seguinte forma: Natura non facit saltum. A variação de ortografia (saltus e saltum) exibe uma mera diferença numeral, porque, em latim, o substantivo saltus — que significa “salto” — pertence à quarta declinação. Assim, seu singular acusativo é saltum (salto), enquanto seu plural é saltus (saltos).

José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É presidente da Legião da Boa Vontade (LBV). Membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter), é filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central. É autor de referência internacional na defesa dos direitos humanos e na conceituação da causa da Cidadania e da Espiritualidade Ecumênicas, que, segundo ele, constituem “o berço dos mais generosos valores que nascem da Alma, a morada das emoções e do raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange tudo o que transcende ao campo comum da matéria e provém da sensibilidade humana sublimada, a exemplo da Verdade, da Justiça, da Misericórdia, da Ética, da Honestidade, da Generosidade, do Amor Fraterno. Em suma, a constante matemática que harmoniza a equação da existência espiritual, moral, mental e humana. Ora, sem esse saber de que existimos em dois planos, portanto não unicamente no físico, fica difícil alcançarmos a Sociedade realmente Solidária Altruística Ecumênica, porque continuaremos a ignorar que o conhecimento da Espiritualidade Superior eleva o caráter das criaturas e, por conseguinte, o direciona à construção da Cidadania Planetária”.