Um exemplo notável
O trágico desfecho do mais longo cárcere privado do Estado de São Paulo, que culminou com a morte da jovem e bela Eloá Cristina Pimentel, de apenas 15 anos, e da tentativa de homicídio de sua amiga Nayara Rodrigues da Silva, também de 15, serve de importante alerta aos pais e aos que cuidam de nossa infância e juventude.
Num mundo em que cada vez mais crianças e adolescentes pulam etapas decisivas no seu desenvolvimento físico, psicológico e moral, incentivados, sob alguns aspectos, de forma irrefletida, por parte restrita da mídia e dos próprios entes em quem confiam, necessária se faz uma profunda reflexão a respeito do assunto.
Bem a propósito, sobre o serviço midiático em nosso grande país, declarou, à Super RBV, o coordenador do movimento “Mídia da Paz”, dr. Hiran Castello Branco, presidente do Conselho Nacional de Propaganda, conselheiro da Associação Comercial de São Paulo, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e do CENP (Conselho Executivo das Normas-Padrão): “A mídia hoje se constitui no espaço público, no qual a sociedade discute os seus problemas e tem uma grande influência na formação, sobretudo dos jovens e das crianças. E lamentavelmente a violência foi talvez um dos produtos mais promovidos desde a Segunda Guerra até os dias atuais. Então, realmente a intenção do ‘Mídia da Paz’ é demonstrar que é possível obter grandes audiências, promovendo valores e construindo uma cultura de paz, como bem o comprovam os meios de comunicação da organização de vocês”.
Apesar de viver um drama indescritível, a mãe de Eloá, Ana Cristina Pimentel, encontrou forças para nos ensinar que, mesmo na dor, o ser humano é capaz de exteriorizar sentimentos condizentes com o caráter de filho de Deus. “Eu consigo perdoar o Lindemberg, mas que a justiça seja feita”, afirmou Ana. “Minha filha está feliz. Cumpriu a sua missão aqui na Terra, deu vida a outras pessoas”, completou.
É de igualmente se aplaudir a generosidade dos familiares ao autorizarem a doação de órgãos de Eloá, ofertando um magnífico exemplo de fraternidade.
Até o fechamento desta coluna, consoante a Agência Estado, “passa bem o homem de 25 anos que recebeu ontem, 20/10, o rim esquerdo e o pâncreas da adolescente (...), segundo boletim do Hospital Beneficência Portuguesa. (...) De acordo com a coordenadora clínica da equipe de transplantes de rim e pâncreas do hospital, Irene Noronha, o rim e o pâncreas ‘estão com boa função e estão evoluindo bem’. Ainda segundo o boletim, ‘o pâncreas apresenta boa função e o nível de glicemia do paciente, que sofria com diabetes crônico, está normal, sem necessidade de insulina’. (...) Transplantada com o coração de Eloá, Maria Augusta dos Anjos, de 39 anos, também passa bem e continua com o quadro clínico estável, segundo o médico José Pedro da Silva. Os tubos foram retirados na noite de ontem e ela já conversa normalmente”.
São atitudes com esse grau de desprendimento e de solidariedade que nos dão ânimo para prosseguir acreditando na melhoria de cada indivíduo. A Caridade transcende o ato de oferecer um pão. Eis o indispensável ensinamento: Somente o Amor legítimo liberta-nos das algemas do rancor, que nos provoca uma série de enfermidades psíquicas, físicas e, consequentemente, sociais.
Ao Espírito Eterno de Eloá – pois os mortos não morrem –, aos seus familiares e aos envolvidos neste lamentável acontecimento, os nossos sentimentos de paz.
Leis que funcionem
É a hora de união, conforme anotei no Manifesto da Boa Vontade, em 1991, de todos quantos creem na regeneração do tecido social, tendo o Espírito como princípio.
No livro Reflexões e Pensamentos — Dialética da Boa Vontade (1987), registrei: Quantas leis sejam feitas, tantas maneiras o ser humano encontrará de fraudá-las, enquanto não entender que temos solidários compromissos uns para com os outros. Isso é exercer a cidadania. É fortalecer as comunidades. Não há departamentos estanques no mundo, principalmente agora, na era da rapidez das comunicações e da constante ameaça nuclear. (...) A violência já está clamando bem alto, assustando todas as classes. É urgente, então, que as leis funcionem.
Para tanto, entre outras providências, é inadiável melhorar a qualidade de vida dos professores (educação) e dos policiais (segurança).
Bloco do “eu sozinho”
Recebi da assistente social Andréa Frossard, professora da Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro/RJ, um e-mail, no qual revela divulgar com satisfação meus artigos em seu site http://andreafrossard.spaces.live.com/default.aspx. Ela finaliza a mensagem comentando gentilmente: “Seu trabalho social é lindo”.
Grato, professora Andréa. A beleza maior é poder assistir à sociedade conscientizando-se de que o bloco do “eu sozinho” não nos levará a lugar algum.
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