Crianças pedem socorro
A crescente violência no Brasil e no mundo tem chamado a atenção de todos. A cada dia aumentam os casos tristes e lamentáveis noticiados pela mídia.
Se ela hoje nos bate à porta, comecemos ontem — como há décadas fazemos, somando esforços com tanta gente — a luta pelos direitos da criança e do adolescente, contra a fome, as desigualdades e em prol da sustentabilidade. Empreendamos hercúleo combate à pior das carências, que atravanca o êxito de qualquer tentativa de transformação benéfica na Terra: a falta de Solidariedade, de Fraternidade, de Misericórdia, de Compaixão, de Generosidade, de Justiça; por conseguinte, a aridez do Espírito, do coração.
Pesquisa global divulgada pela Organização das Nações Unidas (ONU) nos traz informação alarmante: “Cerca de 1 bilhão de crianças no mundo são vítimas da violência todos os anos. Esse é o número contido no Relatório do Status Global sobre Prevenção da Violência contra Crianças 2020, o primeiro do tipo, mapeia progresso em 155 países. Ele revela que quase a metade de todas as crianças no mundo sofrem violência física, sexual e psicológica regularmente”.
Aqui temos apenas estatísticas oficiais, que desafiam a dignidade humana. Isso significa que o quadro deva ser ainda mais crítico e demande ação decidida e conscientização a partir das famílias, nas quais também ocorre a violência doméstica.
O dr. Cláudio Pita, formado em Direito pela Universidade Anhanguera, relatou à Boa Vontade TV (www.boavontade.com/tv) que na infância e na adolescência vivenciou essa problemática. Mas soube, com o devido amparo, superar tudo isso. Hoje é diretor do Lar Nefesh, em São Paulo/SP, fundado por ele e que presta apoio às crianças e às famílias que passam por esses dramas. No seu entender, a sociedade tem papel indispensável na identificação dos casos de violência: “Às vezes, a coisa não está acontecendo na minha casa, ou na minha família, mas acontece ao lado. E a criança que está sofrendo tem medo de pedir socorro, tem receio de que o pai ou a mãe sejam presos e não quer desintegrar a família. Então, ela mesma acaba não pedindo ajuda. E é importante que as pessoas que estão ao redor estejam atentas, possam encaminhar [as ocorrências] ao conhecimento do poder público, ao Conselho Tutelar, na própria Vara da Infância e da Juventude, às autoridades policiais, para que eles tomem providência”.
O ilustre recifense Josué de Castro (1908-1973), médico, professor, cientista social, político e ativista brasileiro, que escreveu os respeitáveis Geografia da fome e Geopolítica da fome e dedicou a sua vida ao combate à miséria, certa vez, afirmou: “Os ingredientes da Paz são o Pão e o Amor”.
Tenho dito que a estabilidade do mundo começa no coração da criança. Protegê-la é acreditar no futuro. Por isso, na rede de ensino da LBV e nos serviços e programas socioeducacionais desenvolvidos por ela, há tantos anos aplicamos a Pedagogia do Afeto (voltada aos pequeninos até os 10 anos) e a Pedagogia do Cidadão Ecumênico (direcionada a adolescentes e jovens), um esforço de Boa Vontade para aliar a Educação aos valores espirituais ecumênicos.
A jovem escritora judia-alemã Anne Frank (1929-1945) registrou em seu diário ideais pacíficos, mesmo sofrendo a pungência da Segunda Guerra Mundial. Seu corajoso testemunho afasta o pessimismo que só aumenta as enfermidades sociais dos povos: “Apesar de todos e de tudo, eu ainda creio na bondade humana”.
Façamos, pois, a nossa parte em prol de tempos melhores, mais civilizados, tendo o arcabouço da Espiritualidade Elevada como alicerce de uma Sociedade Solidária, Altruística e Ecumênica!
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