"Noite Cultural Emoções e Memórias"
Jéssica Botelho
No ano de 2006, a força da tradição e da cultura gaúcha impulsionou o início das comemorações dos 50 anos de trabalho de Paiva Netto nas Instituições da Boa Vontade (IBVs). Em 20 de junho daquele ano, o centenário Theatro São Pedro abria suas cortinas para homenagear o dirigente das IBVs por meio da "Noite Cultural Emoções e Memórias".
Segundo dados da organização do teatro, esse foi um dos maiores eventos e de mais alto nível já realizados na famosa casa da cultura gaúcha. Apesar de a festa ter ocorrido no Rio Grande do Sul, o sentimento de gratidão atravessou as fronteiras dos pampas e mobilizou brasileiros e estrangeiros (argentinos, bolivianos, paraguaios e uruguaios também marcaram presença) para acompanhar a Orquestra de Câmara do Theatro São Pedro e o Coral Ecumênico LBV na apresentação de músicas do compositor Paiva Netto, sob a regência do Maestro Antônio Carlos Borges Cunha.
Antes de iniciar o concerto, o público já superlotava o ambiente. Personalidades, autoridades, convidados, simpatizantes e o povo em geral compareceram à festa para saudar o homenageado. Guris atendidos pela Legião da Boa Vontade do Rio Grande do Sul também figuravam na platéia e, muitos deles, pela primeira vez assistiram de perto a um concerto de músicas clássicas.
O concerto com a Orquestra de Câmara do centenário teatro e Coral Ecumênico LBV trouxe alguns dos sucessos do compositor Paiva Netto — como Deus é a Nossa Fortaleza, do Oratório “O Mistério de Deus Revelado”, e Deus é a Minha Força — e a obra Ave, Maria! Mater Jesus.
Emocionado, o líder da LBV acompanhou o acontecimento do camarote principal. Ao término de cada composição, o público aplaudia de pé, direcionando-se ao homenageado. Depois das apresentações, Paiva Netto subiu ao palco e proferiu discurso que também foi transmitido para os que acompanharam a Super Rede Boa Vontade de Comunicação (Rádio, TV, internet e publicações), a TV Guaíba (Canal 2) e RBTI (exibida para 12 milhões de assinantes na América do Norte).
Saudação ao Povo
A noite era de festa, mas mesmo assim o dirigente da LBV em sua prédica fez o público refletir seriamente sobre a importância de educar e, mais que isso, reeducar com Espiritualidade Ecumênica para investir num futuro melhor. No momento em que subiu ao palco, agradeceu as homenagens da platéia, que bradava: “Ele merece!”. E respondeu: “Vocês merecem! Porque ninguém faz nada sozinho. Aí é que está o segredo”, frisando o fato de a Legião da Boa Vontade ser uma Instituição irrestritamente ecumênica.
“(...) Fico muito feliz em iniciar as comemorações desse meu cinqüentenário no Rio Grande do Sul, porque meu pai, Bruno Simões de Paiva (1911-2000), viveu no Rio Grande do Sul durante um período e me ensinou a amar essa terra que fez questão de ser brasileira. Lembro-me com saudade de que aos 8 anos eu tomava chimarrão com losna. E quando ele faleceu, beirando os 90 anos, meu assessor, Francisco Periotto, achou minha pequena cuia e tudo o que usava quando menino. Meu pai era meu ídolo. Se ele tomava chimarrão, eu tomava também (risos). Mas o motivo é que faz bem ao estômago, pois é bom para digestão.
“Amo o Brasil. E mais uma razão para esse amor pelo Rio Grande, dentre tantas, é que meu filhinho mais novo — sou pai de 8 filhos e quase 9 netos —, Emmanuel Adolfo, é gaúcho!
“Agradeço essa homenagem que me tocou profundamente. Para mim é uma honra muito grande estar aqui nesse palco que conheceu Marian Anderson (1897-1993), em 1946, Heitor VillaLobos (1887-1959) e Arthur Rubinstein (1887-1982). (...)”